Loopy’s World (Parte 15C) - Então Foi o Meu Fim



LOOPY'S WORLD (PARTE 15C) - ENTÃO FOI O MEU FIM
Por: Steve Loopy Newhouse // Tradução: Ricardo Lira 

Nós decolamos do aeroporto de Narita para Seattle e além.

Haviam rumores nessa época de que meus dias estariam contados, mas eu escolhi ignorá-los. Até que alguém me dissesse isso na cara, não ia me prender a qualquer tipo de fofoca.

Após outro longo voo de Tokyo até Seattle foi-nos dado uma escolha. Ficar em Seattle ou viajar para Los Angeles. Decidi ficar com o pessoal que melhor conhecia: Murray, Dave Lights e alguns outros, incluindo até mesmo Clive.



Nosso voo até Seattle foi interessante também. O piloto nos mostrou a devastação causada pelo Monte Santa Helena quando entrou em erupção poucos meses antes (N.T.: Na verdade foi há mais tempo: 18 de maio de 1980 - um ano antes da passagem do Maiden pelo Japão). Ainda estava fumegando quando passamos por ele.



Nos registramos no Edgewater Inn, famoso por seu evento Pesca Pela Janela, que tínhamos ouvido falar no Reino Unido (N.T.: Há uma foto dos Beatles em Seattle neste mesmo hotel, em 1964, praticando "Fish Out of Window", com rostos e varas de pescar para fora da janela do próprio quarto de hotel). Claro que o primeiro a tentar foi Clive. Nós dificilmente o vimos depois daquilo.

Agora estava ficando cada vez mais óbvio que eu estava ficando sem emprego, mas Murray não deixaria isso acontecer. Se saíssemos para uma refeição, ele se certificava de que eu estivesse lá e não me deixava pagar nada.

Estivemos juntos por um bom tempo e, eu acho, em seu modo bem particular ele estava mostrando que após a música ainda havia uma família.

Em um dos bares que fomos em frente ao mar, pediram a Dave sua identidade já que eles não acreditavam em sua idade. Tudo o que ele estava pedindo era por uma Coca. América, é preciso amá-la de algum jeito.



Paul (Di'Anno) teve de se adiantar e voar para Los Angeles com Harris e Rod, então não havia como ter apoio dele naquele momento.

Após alguns dias sem pescar da minha janela, já que meu quarto dava para a rua, era hora de voar para LA e encarar a música.

Após um voo de quatro horas e mais duas horas dirigindo até o centro de LA, finalmente chegamos ao Sunset Marquee, próximo ao Santa Mônica Boulevard. Era para ser a minha e a de Steve Jones (gerente de turnê) última estadia nos US. Bem, dessa vez para mim, de qualquer forma. Eu estaria de volta poucos anos mais tarde.

Ficamos à vontade no hotel e dentro de algumas horas eu fui chamado até o quarto do gerente de produção.

Não preciso entrar em detalhes, mas, como disse antes, eu sabia que minha hora estava chegando.

Após ter passado entre bons e maus momentos com eles nos últimos anos, fui despejado. E não houve cerimônia ou sequer obrigado, devo dizer. Foi simplesmente um caso de 'nós superamos você, adeus'.
Telefonei para casa parar avisar que estava voltando e eu acho que minha mãe estava mais puta do que eu.



O que fiquei mais puto foi pela reação de Paul. Não recebi nem mesmo um adeus dele quando foi hora de partir.

Olhando para trás agora eu acho que ele me invejava. Ele estava seguindo para dentro de algo muito maior do que qualquer um de nós tinha imaginado. Sei que ele não estava feliz, mesmo assim.

Mas eu fui enviado de volta para casa e ele permaneceu na banda.

Iron Maiden se tornou num monstro em tão curto período de tempo que fez a maioria de nós morrer de medo.



Mas havia alguns membros da banda e da equipe que poderiam lidar com isso e outros que não poderiam. Eu não havia feito nada de errado, o tanto quanto eu entendia. Era apenas um caso de Clive e eu não nos entendermos.

No dia da partida, Clive disse que queria me ver antes que eu fosse, e, tendo nada a perder, fui até o quarto dele e ele me deu uma carreira da mais fina "especiaria" do Peru. Eu não pensava muito sobre aquilo, na época.



Agradeci a ele e me despedi, então segui para o aeroporto com Steve Jones. Passamos pelo controle de passaporte, mostramos nossos cartões de embarque e deixamos os Estados Unidos como o achamos. Ilesos, nesse ponto.

Essa foi a primeira empreitada da banda no vasto e desconhecido país, e sem mim. Estava me sentindo pra baixo, mas também esperançoso para voltar para os braços da minha família.

Meus pais foram ótimos mesmo. Eles nunca ficaram no meu caminho e entendiam minha necessidade por espaço. Essa foi a vida que tinha escolhido e eles ofereceram bastante suporte. E vamos encarar os fatos, eu estive trabalhando nisso por muito tempo para perceberem que não iriam me mudar agora.

Então, com esses pensamentos passando pela minha cabeça, e enquanto ouvia Frank Zappa, acabei caindo no sono durante nosso voo de 10 horas, de Los Angeles para Amsterdã.

Acordei me sentindo uma merda, e senti como se minha língua tivesse ficado presa na minha barba, mas percebi que tínhamos apenas uma hora antes de aterrissarmos no aeroporto de Shilphol, em Amsterdã. Usando o banheiro da aeronave é sempre uma experiência, mas eu não tive problemas ao me limpar, após tirar o excesso de baba ao lado do meu rosto.

Aterrissamos em Schilphol e seguimos até o aeroporto para fazer o voo de conexão até Gatwick sem problema algum.

Nós, Steve Jones e eu, pegamos nossa conexão até Gatwick com apenas uma hora de espera, e tudo estava indo ótimo.

Gatwick, finalmente. Deixamos a aeronave e seguimos até a esteira de bagagens. Peguei minha mala e seguimos, sem nada para declarar (pertences), como qualquer pessoa normal faria.

"Podemos verificar suas malas, senhor?"
"Quem? Eu?"
"Sim senhor, você"
"Ok."

Agora, eu não faço ideia do por que eles me pegaram, mas devia haver vários motivos. Será que ainda parecia uma bosta após uma jornada de catorze horas de Los Angeles? Será que esqueci de limpar o excesso de pó do meu nariz? Frank Zappa estava incomodando a equipe de voo? Eu não faço ideia.

Ter todos os meus pertences retirados não é humilhante. Ser levado para uma sala atrás da cena é humilhante. Eu fui todo revistado, mas eles não explicam o por quê.

Ter cheirado uma linha de coca em um país diferente não é um crime. Mas esses caras me tomaram à parte, chegando a ponto de desparafusar meus cassettes para ver se havia escondido alguma coisa dentro.

E então, quando não encontram nada, eles dizem "junte suas coisas, você pode ir". Que porra é essa? Se alguém conhece algum serviço de assistência para isso, então agora é o momento.

Uma hora e meia mais tarde eu saí da alfândega e estava surpreso de ver Steve Jones ainda esperando por mim.

Expliquei a ele o que havia acabado de acontecer e ele riu, mas não por muito tempo. Ele podia ver que eu não estava feliz.

Como aconteceu, foi bom que ele tivesse ficado por perto. Durante meu momento na alfândega, o único dinheiro que tinha surpreendentemente desapareceu. Steve foi gentil o bastante para me dar dinheiro necessário para chegar em casa.

Desculpe dizer, mas nunca mais o encontrei. Ele era mais um cara voltado para o teatro, mas nós devemos ter lhe dado o inferno de um passeio.

Eu consegui chegar em casa e, após poucos dias de descanso, fiz alguns telefonemas e consegui para mim um trabalho com a banda More.

Foi como executar um círculo completo.

Estava de volta trabalhando com uma banda que apreciava uma boa equipe.



FIM?........ Por ora..

Um grande obrigado vai para você, leitor, por simplesmente estar aí. Seus comentários e pareceres tem sido maravilhosos.

Um mega agradecimento vai para Steve Goldby e sua equipe da Metaltalk.net. Sem o empurrão, 18 meses atrás, isto nunca teria acontecido.

Mas meu maior agradecimento mesmo vai para Jules, minha editora. Ela tem sido o tijolo por trás dos alicerces da LoopyWorld, e sem ela, grande parte disso nunca teria ido tão longe como foi.

Obrigado, querida. XXX

Steve retornará mais tarde com 'O Retorno do Filho Pródigo'...

LEIA TAMBÉM: PARTE 1 / PARTE 2 / PARTE 3 / PARTE 4 / PARTE 5 / PARTE 5A 
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