Loopy’s World (Parte 15A) - Mais ou Menos



LOOPY'S WORLD (PARTE 15A) - MAIS OU MENOS
Por: Steve Loopy Newhouse // Tradução: Ricardo Lira

A turnê europeia que se seguiu teve como suporte a banda More, e eles eram excelentes. Baseada em Londres e alta, era guiada pelo ex-frontman do Maiden, Paul Mario Day.

Eu não tinha visto Paul por alguns anos e estava começando a me perguntar onde ele havia se metido. Conhecemos um ao outro de eras passadas. Costumávamos sair juntos quando adolescentes.

Pessoas sempre costumavam serem um pouco prudentes em relação a Paul, principalmente porque ele andava de motocicleta e, naqueles dias, aquilo significava problema. Era uma estupidez, claro, mas naquela época era a percepção que se tinha de um motoqueiro.



Meu pai não aceitaria babaquices de ninguém, mas ele percebeu que Paul era um cara bacana e arcou com um telhado sobre sua cabeça por muitos meses. Paul também era um bom mecânico e tirou meu pai de situações críticas, uma ou duas vezes.

Paul também foi responsável por minha introdução no Iron Maiden.

Paul convidou a mim e alguns outros para ver a banda tocar no pub Cart & Horses, em Stratford. Infelizmente, apenas dois de nós chegaram lá, eu e meu velho companheiro Tee Green.

Apenas tínhamos grana entre nós para uma caneca de cerveja, mas nós vimos Paul e a banda tocando lá, pelo tempo que aguentamos, até a hora de fazer a longa viagem a pé de volta para casa. Tudo que me lembro do show era Paul usando um chapéu (possivelmente uma cartola) e que ele andava muito em círculos. O som estava alto, não havia como sair de lá. Ainda podíamos ouvir aquilo mesmo 5 minutos após termos ido embora.

Então, de volta ao Maiden na Europa.

Com o Maiden se tornando mais e mais profissional, descobri que tinha um pouco de tempo para passar, então comecei a ajudar a banda de suporte, More.

Isso incluiria levar o equipamento da banda para o palco, aprontar as bebidas e as toalhas, e se certificar de que o set list estava onde eles podiam ver. Paul Day, sendo um velho amigo e tendo o mesmo senso de humor, decidiu mudar o texto de alguma parte do set list, incluindo muitas referências ao meu término com minha namorada.

Como ele mandou bem, aquilo me fez um favor. Descobri que estava rindo tanto que parei de me importar sobre meu passado e procurei olhar mais para o meu futuro. Nenhuma ironia sugerida (N.T: Em relação ao “mais” de “olhar mais para o meu futuro” com o nome da banda More).

Um monte de coisas aconteceu na turnê europeia. Algumas coisas se destacam, mas muito se perdeu para esta coisa mágica chamada memória. Ou a falta dela, no meu caso.



Como mencionei anteriormente, o roadie de Adrian, Stewart, era um pouco atrapalhado, mas ele era dedicado.

Na metade do caminho da parte francesa da turnê, Stewart teve que ir e encontrar alguém para reparar o Mesa Boogie de Adrian. Haviam se passado alguns dias desde que ele se foi, mas, honestamente, ninguém reparou.



Estávamos dando um show em algum lugar no sul da França e, após a checagem de som, era costume levar as guitarras pra fora do palco para uma área de trás para serem reforçadas e limpas para o show.

Então, eu sendo o pequeno tropeiro que era e tendo nada mais para fazer (significando que Clive estava finalmente feliz), pensei que seria uma boa ideia, diante da ausência de Stewart, pegar o baixo de Harry e a Stratocaster de Dave, e seguir a banda para fora do palco.

O resto se torna um pouco nebuloso. Como eu tropecei no topo da escada, em direção ao nível de baixo, ela colapsou abaixo de mim. Tudo o que lembro foi eu, numa pilha no topo da escada em colapso, segurando duas e extremamente raras guitarras, no ar.

Poucas coisas vem à mente sobre este evento. Um é que eu tinha salvo um par de boas guitarras do desastre iminente, e dois, o que teria acontecido se tivesse sido a banda ao invés de mim?

Deveria acionar alguém? Em todo caso, quem? A banda, o promoter? Todo mundo?



Como acabou acontecendo afinal, tudo o que tive foi uma contusão séria debaixo do meu braço esquerdo, que pode ser vista nessa minha imagem. Mas, como na maioria das coisas, você aprende com isso. Aprendi a deixar merdas em paz.

Nunca recebi qualquer compensação da injúria que sofri, mas aprendi agora que tem efeitos duradouros. Minha caixa torácica é uma polegada mais alta na minha esquerda e eu sofro de espasmos musculares múltiplos na parte superior do meu peito esquerdo, o que quer isso signifique. Basicamente sinto algo próximo a um ataque cardíaco e, qualquer seja o modo como você encare isso, não é nada engraçado.

Rod, sendo o estúpido que ele é, simplesmente disse, "Você pode caminhar?" E como o tipo de cara que eu era, disse: "Claro, ou eu não estaria aqui, estaria?"

O qual ele replicou, e não estou inventando isso: "Então o que você está fazendo aqui, sentado? Você tem um trabalho a fazer".

E isso, meus amigos, é com o que eu tinha que lidar, e ele se pergunta até hoje por que eu não continuei fazendo favores a ele. Foda-se ele, também. Eu consegui passar por isso pelo resto da turnê, ileso, e ainda dei tudo de mim.

Terminamos a turnê europeia e certos números de telefones foram trocados, isso é, eu e Paul Day. E foi o fim daquilo.

Por um tempo.

Continua...
- Loopy's World (Parte 15B) - Japão 1981

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