Loopy’s World (Parte 14) - Tchau Dennis, Olá Adrian



LOOPY'S WORLD (PARTE 14) - TCHAU DENNIS, OLÁ ADRIAN 
Por: Steve Loopy Newhouse // Tradução: Ricardo Lira

Lar! Lar novamente, eu gosto de estar aqui quando posso.

Me sentia como um merda. Minha namorada havia me deixado e eu não tinha nada para fazer. Mesmo a ideia de montar um quebra-cabeças não parecia divertida.

Paul chegou e fomos para o pub Green Man para umas cervejas, mas até aquilo lá havia mudado. Nosso velho terreno de caça era agora um pub de tema irlandês e tínhamos nos afastado apenas por poucos meses. Mas que diabos?

É um sentimento estranho voltar de uma grande turnê. Você passa semanas longe de casa e seus amados desejando que você estivesse em casa, então quando você finalmente chega em casa, tudo o que quer fazer é voltar para a estrada.

Sentia isso toda hora, e sei que não era apenas eu. Paul e eu tínhamos conversado muito sobre isso.

Mas claro, nós não tínhamos que ficar sentados por muito tempo.

A banda tinha que entrar em um estúdio para gravar Women In Uniform, então fomos até o Battery Studios, em Willesden, com Tony Platt nos controles.

Então havia uma chamada para estarmos no Rainbow Theatre para fazer o vídeo para a supracitada canção.

Todos chegamos na hora certa e eu tive que montar o kit como normalmente fazia, com Clive dizendo que isso ou aquilo estava errado. Tendo passado alguns meses na Europa o ignorando, senti que tínhamos um relacionamento de trabalho adequado.

Em um momento na turnê, ele me deixou tão puto que quando me perguntou se eu havia limpado a bateria, menti dizendo “Claro, você não confia em mim?”

Ele não respondeu, mas não poderia negar o cheiro de lustrador de móveis. Borrifei uma lata inteira de spray no banco dele. Foda-se.

Havia muitas mudanças ainda a serem feitas, mas não via nenhuma delas se aproximando.

Clive havia me enviado em uma missão para fazer um pedido para obter baquetas, o que levou somente um par de horas, mas no momento em que retornei, podia ver que as coisas mudaram pra pior.

Em minha ausência, Michael Kenney foi solicitado a participar do vídeo com duas atrizes, o qual Rod tinha me escolhido para fazer. A ideia era fazer o papel de Eddie numa cama de hospital se sentando rapidamente e próximo à câmera. Michael estava enfiado numa máscara Eddie com o câmera sentado em suas pernas, mas ele se sentou tão rápido que acertou o equipamento e abriu a pele no topo do nariz. Pobre parceiro, ainda tem a cicatriz para provar isso.



Mas isto volta à questão de Rod ser manipulador. Ele tentou tanto que eu fizesse coisas, e também cada outro membro da equipe, que todos nos sentíamos empurrados pra fora da nossa zona de conforto.

Uma outra história aí, eu acho.

Depois que as filmagens concluíram, um monte de coisas começou a acontecer rapidamente.

Pete pediu demissão, o que me deixou muito preocupado. Ele esteve comigo durante quase a coisa toda e comecei a me sentir ainda mais incerto sobre meu próprio futuro. Este emprego pode ser muito inconstante na melhor das vezes, mas você aprende a lidar com isso.

Então, pouco após as filmagens do clipe, descobrimos que Dennis se foi e Adrian Smith era o novo guitarrista.



Novamente fiquei preocupado. Den tinha sido uma inspiração para todos nós. Ele era um verdadeiro amigo. Ele cuidava de nós e especialmente da equipe.

Ele me contou depois que sabia que alguma coisa andava errada. Percebeu durante as filmagens para 'Women In Uniform' que nenhuma das câmeras estava focada nele. Acredito que ele esteja errado, tendo assistido ao vídeo recentemente, mas é obviamente como ele percebe sua saída.



Mas tomando as dores de Den, algumas das fotos tiradas na filmagem do vídeo, para efeito de publicidade em um futuro próximo, sempre tinham algo sobre o rosto dele. A cabeça do baixo de Steve, o microfone de Paul... Deem uma olhada quando tiverem oportunidade e notarão o que estou dizendo.

As diferenças musicais de Dennis serão sempre uma pedra no caminho, mais com Rod do que com qualquer outro da banda. Nós não ligávamos para o que cada um ouvia, de fato era um alívio dar um tempo da contínua pancada estrondosa do Heavy Metal, e vamos encarar que a maior parte da equipe tinha diversos gostos musicais. Talvez seja o porquê de Den preferir ter viajado com a equipe.



Então, com Pete e Den fora, as coisas tomariam um rumo diferente, claro.

Adrian foi levado a um curso intensivo de aprendizagem das músicas da banda, e dentro de poucas semanas nós o levamos para a estrada.



"H" era um guitarrista muito resoluto e se encaixou na vaga facilmente. Ele era também um bom compositor, o que veio a se tornar no Maiden, pouco mais tarde.

O cara que tomou o lugar de Pete era um galês chamado Stuart Hopkins. Embora fosse um cara encantador, ele só fazia bagunça. Eu tive que dividir quartos de hotel com ele e, do segundo em que fizemos check-in até o momento da saída, nosso quarto ficava sempre uma zona. E não estou falando apenas de roupas espalhadas por todo lugar. Havia partes de guitarra e pedaços de amplificador por cima de todas as camas, pisos, no banheiro, no guarda-roupas, e por aí afora. Havia coisas dele por todo lugar.

Mas Stuart sabia onde cada coisa estava. Era como se ele as arquivasse em ordem de ser a próximo da fila com a qual lidar.

Na turnê foi a mesma coisa. Ele transformou nosso ônibus em sua própria oficina móvel até que alguém reclamou e, devagar mas certeiro, Stuart começou a se arrumar melhor e limpar sua bagunça.
Stuart durou apenas por uma turnê no Reino Unido e uma na Europa, e finalmente foi demitido pouco antes de voarmos para o Japão.

A última vez que o vi foi após ter voltado do Japão. Ele apareceu na minha porta com um jovem americano que eu vagamente reconhecia. Não consigo me lembrar o que Stuart queria, mas ele me disse que estava trabalhando em um estúdio em Londres com Ozzy Osbourne, e o jovem americano que me apresentou era Randy Rhoads.

Como disse, ele era vagamente familiar. O triste sobre essa história é que toda conversa tomou lugar na porta da minha casa.

Randy havia trazido seu cachorro e o cachorro da minha família teve que ser trancado na sala de estar, só que meu cachorro latiu o tempo todo que Stuart e Randy estiveram lá.



Infelizmente, todos sabemos o que aconteceu ao pobre Randy. Mas, acerca do Stuart, bem, como disse antes, aquela foi a última vez que o vi.

A primeira grande turnê de Adrian pelo Reino Unido com o Iron Maiden, teve uma banda de suporte francesa chamada Trust, com um tal de Nicko McBrain na bateria.



Agora, todos nos lembramos de Nick da banda McKitty e foi muito bacana como continuamos nos esbarrando ao longo do tempo.

Enquanto tirava uns dias de folga, eu passava o dedo por alguns álbuns da minha coleção particular e aconteceu de pegar um da Pat Travers, chamado 'Makin' Magic', e lá estava ele novamente, Nicko McBrain na bateria. Estive ouvindo esse cara por uns quatro anos e sequer sabia disso.

Nós batemos um papo sobre seus dias na McKitty e na Travers, poucos anos mais tarde, e Nicko me disse que quando ele se juntou ao Maiden foi quase como se ele tivesse sido apontado naquela direção. Nick é um grande crente em Deus e sentiu isso como sendo um chamado dele. Eu chamo isso de destino, ou Harris, por força de uma palavra melhor. Como disse há muitos capítulos atrás, o que Harry quer, Harry consegue.

Voltando à turnê do Reino Unido com a Trust. Embora eles fossem franceses, nunca ouve uma barreira entre as línguas, principalmente porque metade da equipe deles era de ingleses, mas alguns franceses da equipe falavam inglês também. Um em particular, um cara chamado Michael, falava inglês fluente e se tornou parte de uma equipe que levamos para o Japão. Novamente, instigado por Harry.



Tivemos noites de arrepiar com os caras da Trust, especialmente no West Country, quando Nicko apresentou todos a Scrumpy, uma cidra tradicional local. Coisas ficaram bem quietas por poucos dias enquanto eles recuperavam suas faculdades.

Enquanto isso, Adrian estava se adaptando muito bem, mas aprendemos que quando ele se embebedava, se transformava em uma pessoa diferente chamada Melvin. E Melvin era uma das pessoas mais engraçadas que já conheci. Ele não se levantava pra fazer coisa alguma, mas dizia as coisas mais engraçadas.



Até onde é do meu entendimento, Adrian não age mais como naqueles tempos. Talvez o amor de uma mulher o mudou, quem sabe? Mas foi engraçado enquanto durou.

Então foi hora de entrar no estúdio novamente. Desta vez para gravar o segundo álbum da banda, 'Killers'. Minha memória dessa época é bem vaga. O álbum foi gravado no estúdio  Battery, em Willesden, ao norte de Londres, com Martin Birch no controle da produção. Pelo menos tínhamos um produtor decente dessa vez.



Minha única memória viva do processo de gravação, é esta. Durante uma das gravações, e não lembro que canção era, a caixa da bateria de Clive começou a produzir um chiado. Em qualquer outra música estava OK, não tivemos problema algum, mas essa canção era assombrada, posso dizer.

A única solução foi me deitar no chão entre o címbalo e os pedestais e segurar a caixa, mantendo-a no lugar, lembrando de livrar minha cara da perna esquerda de Clive, que estava propensa a se soltar e tomar vida própria, e então soltar a caixa no tempo certo.

Graças a Deus, durou apenas dois takes para acertar a música. Eu tive visões de permanecer lá enquanto o resto da banda já estava no Japão. Fora isso, o restante do álbum foi prontificado quase tão rápido quanto o primeiro.



Enquanto estávamos lá, Martin recebeu uma entrega da versão de 12 polegadas do 'Heaven and Hell' do Black Sabbath, que ele mesmo havia produzido. Não demorou muito para  extorquirmos dele cada cópia. Se me lembro bem, não acho que ele tenha se importado muito com isso. Ele parecia bem feliz trabalhando em seu novo projeto, Iron Maiden.

Continua...
- Loopy's World (Parte 15A) - Mais ou Menos

LEIA TAMBÉM: PARTE 1 / PARTE 2 / PARTE 3 / PARTE 4 / PARTE 5 / PARTE 5A 
PARTE 6 / PARTE 7 / PARTE 8 / PARTE 9 / PARTE 10 / PARTE 11 / PARTE 12 / PARTE 13A / PARTE 13B / PARTE 13C