Loopy’s World (Parte 5) - Gravando Demos a Menos 20 Graus



LOOPY'S WORLD (PARTE 5) - GRAVANDO DEMOS A MENOS 20 GRAUS 
Por: Steve Loopy Newhouse // Tradução: Ricardo Lira 

Após muitos meses em turnê por todo o país como um quarteto, Steve decidiu que uma nova adição fosse necessária. Ele queria um segundo guitarrista para fazer as partes da harmonia, então colocou um anúncio na Melody Maker, seguido das sentenças que diziam que o Iron Maiden procurava um segundo guitarrista para gravação e trabalho ao vivo.

Tempo de estúdio foi agendado por uma noite no meio da semana (normalmente uma quarta-feira) e um dia nos fins-de-semana (normalmente um domingo) pelo período de um mês. Desse modo nós podíamos dar às pessoas de todo país a chance de fazer um teste e ainda conseguir chegar em casa em boa hora. Como esperado, a resposta foi impressionante. Tínhamos pessoas de todo Reino Unido aparecendo para as audições; chegou ao ponto em que tivemos que arrumar mais tempo de ensaio pra encaixar todo mundo.

Alguns vinham e nos impressionavam de verdade, mas a maioria era desperdício de tempo. Para outros era provavelmente uma longa jornada, seguida da frase que o leiteiro mais teme, "hoje não, obrigado" e iam embora.

Lembro-me de um cara dizendo a Steve após seu pavoroso teste que ele havia dirigido todo o caminho desde a Escócia, ou algum lugar lá do norte (não que isso importe agora), e ele tinha dito à esposa que ia conseguir o emprego, então se poderia ter outra chance? Harry se danou pra aquilo. Ele disse ao cara bem francamente, "Você não teve uma primeira chance". Brutal, mas verdadeiro.

Eu cheguei a ver pessoas no estacionamento de carros chorando. Então percebi o quão implacável este negócio poderia ser e, para ser honesto, eu só estava nisso há cinco minutos, percebendo quanta sorte tive. E eu era só um roadie.

Os testes seguiram por umas poucas semanas, e nós vimos tanto ir-e-vir de pessoas que começou a ficar entediante. Passamos tanto tempo no pub mais próximo, que o pessoal do bar achou que fôssemos locais. Então, de repente, quando as coisas já estavam a ponto de se encerrar pela noite, aparece um cara chamado Paul Cairns com seu cachorro, Nelson.

Se eu pudesse descrever sua aparência (Paul, não o cachorro), o estilo de cabelo desgrenhado e blusa aberta, eu diria que Jon Bon Jovi roubou o visual de Paul Cairns, sem sequer saber disso.



Mesmo que Bon Jovi viesse só anos após Maiden e musicalmente fosse de um gênero diferente, eles vieram a se tornar um gigante de vendas. Após meu tempo com o Iron Maiden, eu trabalhei para eles umas duas vezes. Mas essa é outra estória.

Paul caiu como uma luva durante o teste inicial. Ele tinha tudo. Musicalmente, ele era o que a banda queria, e ele procurou se ajustar também.

Mas foi onde logo terminaria, tanto quanto é do meu conhecimento.

O cenário completo, como eu lembro, foi um pouco estranho. Paul Cairns teve suas habilidades testadas, e ele fez tudo o que Steve pediu a ele. Aprendeu as canções facilmente, rapidamente, e estava se adaptando muito bem.

Então esta é uma das partes estranhas que eu não consigo me lembrar, ou entender. Voltarei aqui em breve, pouco mais tarde.



Harry tinha agendado algum tempo de estúdio para gravar uma demo para o interesse de promoters, gerentes, etc; a qual todos conhecemos agora como The Soundhouse Tapes. Esta demo foi gravada no Spaceward Studios, em Cambridge (N.T.: No texto original, Loopy descreve erroneamente o nome do estúdio como Soundhouse Studio. Acertei aqui.).

Chegamos ao estúdio com nosso equipamento como se fôssemos dar um show, e arrumamos nossas coisas pelo salão. Aprontamos os instrumentos como orientado pelo engenheiro do estúdio. Uma vez terminado, e tendo nada melhor pra fazer, Pete Bryant e eu fomos ao pub local, que era literalmente sobre a estrada.

Agora, nós sabíamos que os ensaios durariam cerca de uns dois dias, gravando e mixando tudo, então viemos preparados. Estava previsto tempo ruim. Sabíamos que faria bastante frio, mas tínhamos trazido nossos sacos de dormir na van e estávamos preparados pra isso. Entretanto uma frente fria se aproximou tão rápido que não percebemos que não estávamos tão prontos como o esperado.

Durante a gravação da banda, estávamos lá felizes, sentados no estúdio curtindo o aquecimento. Tudo parecia estar indo bem, até o engenheiro de som dizer que precisava de uma pausa e voltaria então no dia seguinte.

Com a Green Goddess de comissão, tínhamos um problema menor em nossas mãos. Só havia espaço para dormir dentro da van para três de nós, no máximo, então falamos com os donos do estúdio sobre dormir no chão do estabelecimento, o que eles concordaram.



Paul Di'Anno fez o que ele sabia fazer melhor e foi até o pub local. Dentro de dez minutos ele já tinha desenrolado com uma garota de lá pra conseguir pôr um par de caras da equipe pra dormir no chão do quarto dela. Até hoje eu ainda não sei onde Paul dormiu, mas conhecendo-o bem, dormiu aquecido o suficiente.

No dia seguinte, despertamos e demos de cara com um manto de neve no chão; então, em retrospectiva, ficando com minha cabeça baixa foi uma bênção disfarçada. Os dois caras na van, Vick e Pete, estavam bem aquecidos e Paul voltou com um sorriso em seu rosto, então ele estava OK, junto com Dave e Doug, que dormiram no chão do quarto da conquista dele.

O dia 2 de gravação aconteceu quase da mesma maneira que o dia 1. Às 17:00h os vocais estavam terminados, as guitarras se encerrado e tudo o que tínhamos que fazer era arrumar tudo e voltar pra casa.

Agora, notem que eu não mencionei Paul Cairns em todo processo de gravação. E a principal razão sendo que eu simplesmente não me lembro dele por lá. Se ele estivesse lá então eu o bloqueei de toda a situação por alguma razão.

Eu cheguei a trocar uma conversa com Doug Sampson sobre isso, recentemente, e ele não conseguia se lembrar de Paul Cairns estando lá. Então são dois de nós de um grupo de poucas pessoas. Mas claro, para obter os comentários da outra parte da banda sobre esta questão, você teria que estar apto a entrar em contato com eles primeiro, e pela maior parte de vinte anos, eu tentei e tentei.

Se você ler a descrição de Garry Bushell, de sua ‘estória oficial do Iron Maiden' (Running Free) ainda não há nenhuma menção a Paul Cairns. Nada no livro de Paul Stenning (30 Anos da Besta) também.

Mas há mais ainda. De acordo com Stjepan Juras, dono do website Maiden Croatia, ele fez uma entrevista com Paul Cairns, que afirmou que esteve em Cambridge e ainda descreveu as faixas e partes em que tocou. Toda esta informação pode ser encontrada no livro de Stjepan, 'Steve Harris - The Clairvoyant' (N.T.: Sem tradução no Brasil).

Então você pode entender como eu me sinto um pouco confuso acerca de todo este cenário.

A coisa toda pode ser um pouco estranha pra vocês também, pobres leitores, mas para mim é um absoluto pesadelo, tentando lembrar onde você esteve em um tempo particular e com quem.

O que me assombra muito é uma foto no livro de Stjepan. Lá está a banda, incluindo Paul Cairns na página 143. Ok, então talvez ele estivesse lá!!



Neste caso, por que ele nunca mais trabalhou para a banda? E mais importante, por que ele nunca foi creditado no Soundhouse Tapes? É com você, Sr. Harris!!!

Como eu escrevi isso a poucos meses atrás, e ainda não tendo nenhuma atualização vinda de Paul Cairns, senti que o tempo de escrever  este artigo estava chegando.

Feliz Natal, caro leitor, e que vocês tenham um fantástico Ano Novo.
Loopy, dezembro de 2012.

Continua...
Loopy's World (Parte 5A) - Gravando Demos a Menos 20 Graus (Revisitado)

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