Por Daniel Sicchierolli // Consultoria do Rock
Minha jornada pela música começou por volta de 1985/1986, com uma fita K7 que tinha as seguintes músicas gravadas em um dos lados: Judas Priest - "Breaking the Law"; Iron Maiden - "The Number of the Beast"; Scorpions - "Blackout" e "Rock You Like a Hurricane"; e também Ozzy Osbourne - "Paranoid". Eu escutava a fita diariamente, e a música que mais me chamava a atenção era a do Iron Maiden, com a sua narrativa inicial.
Assim sendo, naturalmente o próximo K7 de que consegui uma cópia foi com a gravação do álbum
Live After Death, que até hoje é considerado como um dos mais marcantes álbuns ao vivo da história. Lembro das primeira audições, onde algumas músicas chamavam mais a atenção do que outras por terem partes marcantes, as introduções com o vocalista Bruce Dickinson "gritando" os nomes das músicas, os famosos e imortais gritos de "Scream for me Long Beach" e pela pronta resposta do público. Inesquecível para quem estava iniciando no mundo do rock.
As gravações desse álbum foram feitas durante a turnê
World Slavery Tour, para a divulgação do álbum Powerslave, em dois lugares:
Long Beach Arena (EUA) e
Hammersmith Odeon (UK), com capacidade aproximada de 14000 e 5000 pessoas respectivamente. No total, foram oito apresentações nas seguintes datas: 08, 09, 10 e 12 de outubro de 1984 no Hammersmith Odeon, e 14, 15, 16 e 17 de março de 1985 no Long Beach Arena. (Lembrando que entre essas datas, o Iron Maiden se apresentou no Rock in Rio 01, no dia 11 de janeiro de 1985, entre o Whitesnake e o Queen, que encerrou aquela noite).
Algumas curiosidades são para a capacidade (um tanto quanto modestas) das casas em comparação aos shows que a banda faz hoje em dia, e que foram oito apresentações, onde o produtor
Martin Birch pode gravar diversas vezes a banda ao vivo e condensar os principais momentos tanto no disco como no vídeo, lançado simultaneamente.
Mesmo assim, alguns overdubs foram feitos para ajustar determinadas faixas (informação confirmada pelo próprio Dickinson à época do lançamento do disco ao vivo Rock in Rio). Não acredita? Confira o vídeo de "
Run to the Hills" e repare principalmente no vocalista Bruce Dickinson, onde muitas vezes ele está com o pé no retorno, e na imagem seguinte, em frente aos mesmos, e essa alternância se repete algumas vezes durante a música.
Além disso, boa parte da música ele aparece apenas em imagens de costas, exatamente onde o áudio foi refeito. Isso de forma alguma tira o mérito ou a importância do disco, mas me parece mais um capricho do Steve Harris do que uma real necessidade. Para isso, basta comparar com os bootlegs da época para conferir que a banda estava numa forma incrível.
Live After Death saiu originalmente em vinil duplo e VHS em outubro de 1985, e posteriormente foi relançado em LD (laser-disc), CD e DVD (até o momento, nada de Blu-ray). Detalhar o disco é uma viagem a uma fase da banda com músicas mais diretas, e retomar os clássicos que fizeram a trilha sonora da minha vida, e acredito que de muitos mais.
"
Intro - Churchill's Speech / Aces High", que considero simplesmente a melhor música escrita em todos os tempos, ao vivo traz a intro de arrepiar com parte de um discurso de Winston Churchill (primeiro ministro da Inglaterra durante a Segunda Guerra Mundial) convocando os britânicos para lutar pela sua ilha, já disparando a música com uma energia extra (notem que a versão do vídeo é diferente da versão do álbum).
"
2 Minutes to Midnight" e "
The Trooper" são hinos por si só, mas escutá-los a todo volume, com Dickinson agitando e levando a galera, é, com certeza, a última coisa que será apagada da minha memória. "
Revelations" fica absurdamente melhor ao vivo. A interação do público com a banda é emocionante. Uma aula de canto, e de como se apresentar ao vivo. Assista qualquer versão dela para provar o que o Iron Maiden é.
"
Flight of Icarus", em uma versão mais acelerada que a versão de estúdio, é mais uma evidência de como a banda estava com tudo.
Além das citadas acima, temos "
The Rime of the Ancient Mariner", "
Powerslave", "
The Number of the Beast", "
Hallowed be Thy Name", "
Iron Maiden" e "
Run to the Hills", para não restar dúvida alguma de qual é a maior banda de Heavy Metal de todos os tempos, com performances perfeitas de todos os integrantes.
Para finalizar as faixas que aparecem em todas as versões, temos "
Running Free", que em algumas versões está editada, e em outras completa, com alguns minutos a mais onde Dickinson apresenta a banda e faz o público cantar o refrão por diversas vezes.
Na versão lançada em LP e na versão do CD, relançada em 1998, temos as faixas gravadas no Hammersmith Odeon, que são "
Wratchild" (onde eu acho que Dickinson mostra que consegue ser melhor em tudo em relação ao seu antecessor), "
22 Acacia Avenue", "
Children of the Damned", "
Die With Your Boots On" e "
The Phantom of the Opera", em versões arrepiantes, e que, devido à qualidade da gravação, ficaram melhores que as versões em estúdio.
Para completar os registros, nos singles lançados na época e reeditados na versão do CD de 1995, temos as faixas "
Losfer Words (Big 'Orra)", "
Murders in the Rue Morgue" e "
Sanctuary" (que aparece também na versão em DVD), onde nessas duas últimas, novamente Dickinson supera as expectativas, e mostra quem é o vocalista definitivo da banda.
Live After Death é um registro de uma época gloriosa, onde a banda cresceu, quase acabou devido ao cansaço, e virou referência em termos de música pesada. Aliado a isso, tem a incrível capa feita por Derek Riggs, que já virou três versões de
Action Figures, e os encartes cheios de fotos da época (exceto na primeira versão do CD, que é simples demais e sem nenhuma informação).
Um item obrigatório na discografia de qualquer rockeiro que se preze, e download obrigatório para quem se interessa por boa música.
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