Bruce Dickinson em Brasília: apesar do gás de pimenta, uma noite fantástica!

Scream for me, Brasília! Este era o grito que o bom público que foi ao Opera Hall na capital do país mais queria ouvir. Foram mais de duas décadas de espera para uma nova oportunidade de apreciar músicas da carreira solo de Bruce Dickinson ao vivo. Sinceramente, até alguns anos atrás eu já nem contava mais com essa possibilidade, no entanto, desde as primeiras notícias sobre o retorno do vocalista do Iron Maiden ao seu projeto solo, uma grande expectativa foi gerada  entre os fãs pra esta turnê, e a energia da plateia nestes primeiros shows mostra bem o que representou essa longa espera. Os fãs têm cantado junto e vibrado intensamente com cada música acrescentada ao setlist dessa incrível jornada que tem sido a The Mandrake Project Tour. 

Nos primeiros shows, Bruce tem feito aquilo que o Iron Maiden não faz, variou bastante a ordem e as músicas de seu repertório ao vivo. Naquele ritmo de testes de todo começo de turnê e na expectativa da gravação do show de São Paulo, o vocalista passeia pelas diversas fases de sua maravilhosa discografia, brindando o público com canções que já são verdadeiros clássicos e surpreendendo com músicas novas que empolgam muito mais ao vivo do que em seu mais recente disco de estúdio.  

É lindo ouvir o público cantar em alto e bom som "Welcome home" para Bruce no começo do show. Abrir o set com a clássica "Accident Of Birth" foi uma ótima escolha do vocalista e a sequência de músicas com a rápida "Abduction", a épica "Starchildren" e a poderosa "Afterglow of Ragnarock", não deixa a bola cair em nenhum segundo. 

O show seguiu com Dickinson emocionando o público com o refrão de "Chemical Wedding", a energia lá em cima da nova e empolgante "Many Doors to Hell" e a novidade do setlist "Gates of Urizen",  música tocada pela primeira vez nessa turnê. 

Na sequência duas músicas novas "Resurrection Men" e "Rain On The Graves", nos mostram um novo e eclético Bruce Dickinson, se divertido com elementos de percussão e curtindo de verdade o show com sua competente banda, que tem seu ponto alto em "Frankestein" um excelente cover instrumental do lendário Edgar Winter Group. Logo depois veio "The Alchemist" que deu uma esfriada no show, mas fez todo mundo cantar a parte final com o repeteco do refrão de "Chemical Wedding".

O ponto alto do show não poderia ser outro senão o hit "Tears Of The Dragon", impressionante como o público brasileiro ama essa música e canta cada palavra de sua poética letra. Na sequência "Darkside of Aquarius" manteve a temperatura lá em cima e a empolgação do público, mas o que viria logo depois meio que tirou a graça do final do show. 

Uma breve pausa e de repente todo mundo ao meu redor começou a tossir bastante. Algumas pessoas até se retiraram da frente do palco em busca de água e um pouco mais de ar. A princípio todo mundo pensou naturalmente no tempo seco de Brasília, mas não era normal que várias pessoas sentissem aquilo ao mesmo tempo. Bruce voltou ao palco e logo depois se retirou para cantar quase a metade da belíssima "Navigate the Seas of The Sun" nos bastidores. Uma pena, pois era uma música que eu queria muito ver ao vivo. Quando ele voltou, Bruce fez o que ele sempre faz quando está irritado. Reclamou bastante: 

"Alguém aqui embaixo está usando spray de pimenta. Algum c*zão aqui usou spray de pimenta. O que explica por que as pessoas não conseguem respirar aqui embaixo. Então, sabe, se vocês descobrirem quem fez isso, não ligo para o que vai acontecer com ele após o show", disse Bruce.  

Uma breve pausa e o show continuou, mas era visível o incômodo de Bruce, de sua banda e principalmente do público com o incidente. Bruce tossiu várias vezes durante "Book of Thel" e "The Tower" e chegou a interromper sua performance durante as músicas. Ou seja, tudo que aconteceu estragou o final de um show que tinha tudo para ser memorável por outros motivos que não esse. 

NOTA: De acordo com a produção do evento, a situação foi causada pela explosão de vape (cigarro eletrônico) de um fã na pista premium. Leia a nota na íntegra.

BRUCE DICKINSON - SETLIST
OPERA HALL - BRASÍLIA (27/04/2024)

  1. Accident of Birth
  2. Abduction
  3. Starchildren
  4. Afterglow of Ragnarok
  5. Chemical Wedding
  6. Many Doors to Hell
  7. Gates of Urizen
  8. Resurrection Men
  9. Rain on the Graves
  10. Frankenstein (The Edgar Winter Group cover)
  11. The Alchemist
  12. Tears of the Dragon
  13. Darkside of Aquarius
  14. Navigate the Seas of the Sun
  15. Book of Thel
  16. The Tower