Guitar Player: Entrevista com guitarristas do Maiden

A edição americana da revista “Guitar Player” traz no mês de novembro uma entrevista com o trio de guitarristas do Iron Maiden. Dave Murray, Adrian Smith e Janick Gers falam, dentre outros assuntos, sobre o álbum “The Final Frontier”, influências e equipamentos. Confira a entrevista na íntegra com tradução do blog Imprensa Rocker!

Após construir sua base de fãs através de turnês constantes, inclusive abrindo para bandas como o Kiss e Judas Priest, o Iron Maiden mudou a cara do Rock ao lançar uma cavalaria de álbuns de platina nos anos 80, apresentando riffs pesados e solos harmonizados dos guitarristas Dave Murray e Adrian Smith. Quando Adrian deixou a banda em 1990, eles recrutaram Janick Gers, que foi mantido no grupo após o retorno de Smith, ficando a banda com um ataque de três guitarristas desde então. Atualmente o Maiden (e seu icônico mascote zumbi, Eddie) chega impetuosamente na nova década com seu 15º álbum de estúdio, “The Final Frontier”.

Como foi o processo de criação do novo álbum?

Murray: Nós achamos que seria uma boa idéia voltar às Bahamas novamente, onde gravamos alguns álbuns nos anos 80. O clima lá é incrível e o estúdio é familiar para nós. Na verdade, é tão familiar, que não mudou em 25 anos! Gravamos o disco em seis semanas. Kevin Shirley (Nota do Tradutor: o produtor do álbum) levou seus equipamentos eletrônicos mágicos para lá. Obviamente não soaríamos com em 1985, mas pudemos incorporar um pouco daquela vibração. É o Maiden clássico, mas também é uma gravação bem limpa. Passamos cerca de três semanas ensaiando, então foi uma questão de gravar alguns takes e pinçar o melhor. Você tem que manter as coisas como novidades.

Qual equipamento vocês usaram no novo álbum? Foi o mesmo equipamento dos shows ou vocês experimentaram alguma coisa?

Murray: Eu gosto de usar efeitos, mas é legal plugar direto no amplificador. Nós fizemos as bases ao vivo e usei efeitos nos overdubs dos solos ou nas melodias de guitarra. Então usei um pouco de chorus ou um Uni-Vibe em umas duas faixas. Mas se você plugar direto num amplificador Marshall, você também terá um belo som.

Gers: Eu pluguei a guitarra direto nos amplificadores Marshall. Eu não gosto de tocar com coisas acontecendo ao redor. Quando você tem um som puro, isto ajuda a destacar tudo, e desta forma ninguém soa com uma abelha num jarro.

Smith: Eu gosto de plugar direto no amplificador para fazer as bases, e então quando vou fazer solos e coisas do tipo, posso usar algo como um Tube Screamer para ter um pouco mais de sustain. Eu usei minha velha Gibson Les Paul Goldtop, uma Fender Stratocaster e o modelo assinado por mim da Jackson, todas plugadas num cabeçote Marshall. Toda a banda estava tocando na mesma sala, mas os cabeçotes ficaram locais diferentes da casa, para podermos ter alguma separação.

O Uni-Vibe no qual você se referiu foi um pedal de verdade ou um plug-in digital?

Murray: Um pedal. Tenho um já há algum tempo, mas comecei a usá-lo em algumas faixas há pouco tempo, e agora estou o levando para a estrada. Soa muito bem. Tem uma característica totalmente única. Não o utilizo o tempo todo, mas sempre adorei o seu som.

O quão difícil é tocar com três guitarras distorcidas sem que elas se choquem ou soem sujas?

Murray: Nós temos três realmente distintos e diferentes sons de guitarra, então mesmo quando estamos tocando juntos em harmonia ou em unissom, ainda assim soa diferente, por causa dos nossos estilos. Nós somos uma banda de banda de Rock pesada, mas também temos partes melódicas e limpas. Especificamente neste álbum, não há somente canções pesadas, mas também algumas passagens mais calmas.

Smith: Todos nós temos muitas diferenças ao tocar, no vibrato e nas formas que abordamos a palheta.

Como vocês determinam quem toca quais partes no estúdio?

Murray: Depende da música, e se ela tem partes em harmonia ou não. Apenas nos sentamos e passamos pelos detalhes. Nós vemos isto com um trabalho em equipe, e todos têm a chance de se expressar. Não é difícil. Não passamos horas e horas trabalhando nisto. Apenas meio que surge naturalmente.

Você disse que vocês gravaram muito do novo álbum ao vivo no estúdio. Isto torna mais fácil replicar as partes em harmonia ao vivo?

Murray: Com certeza. Este é o modo como fazemos desde o primeiro dia. Então quando chega a hora de tocar ao vivo, já estamos adiantados. Algumas noites você acerta e tudo sai perfeito, e em outras noites você comete um pequeno erro aqui e ali, mas tem que compreender que é um show e deixar pra lá.

Janick, com três guitarras, quais partes do material antigo você toca nos shows?

Gers: Se você escutar com atenção os primeiros álbuns do Maiden, há mais de duas guitarras lá; há quatro ou cinco. Então é só uma questão de decidirmos qual parte fazer. Não há necessidade de se tocar o tempo todo. Eu gosto de tocar menos. A questão é fazer o Iron Maiden soar melhor. Não é uma questão de ego.

Quando vocês estão tocando ao vivo, vocês tentam recriar os timbres dos álbuns?

Smith: Eu não acho que o equipamento seja tão importante, como guitarrista. Eu acho que se você tem um bom equipamento, o que importa é sua personalidade, porque é o que as pessoas irão escutar. Eu estava sempre procurando pelo cálice sagrado dos timbres ao longo dos anos, mas ele não existe.

Quais são algumas das suas influências?

Murray: Wishbone Ash e Thin Lizzy.

Smith: Quando eu era menor, os Beatles, com certeza. Então, durante a minha adolescência, Deep Purple, Cream e Thin Lizzy. Eu também escuto muito de Jeff Beck e Pat Travers. Com relação ao Metal, Black Sabbath e Deep Purple.

De que forma vocês acham que o Metal evoluiu desde que o Iron Maiden começou?

Smith: Quando eu estava crescendo, se chamava Rock pesado. Agora há Euro Metal, há Death Metal. O Maiden é conhecido como uma banda de Metal, mas há muita melodia no que fazemos, e há também uma influência do Blues.

Murray: Mudou. Há muito mais bandas agora, e algumas delas são bem pesadas. Muitas bandas passaram a usar afinações mais baixas em tudo, e foi algo que, na verdade, nós incorporamos em algumas de nossas músicas. Há bastante espaço para todos. Desejo bem a todas elas.

Como vocês começaram a baixar as afinações?

Smith: Houve uma canção, que originalmente era em Mi, mas que baixamos sua afinação porque era muito alta para Bruce cantar. É uma canção poderosa, baixa e pesada, e soa incrível em Ré. Há anos eu venho tentando fazer com que todos abaixem as afinações para o som ficar um pouco mais pesado, mas ninguém realmente se interessou em fazer isto. Eu tenho tocado com afinações mais baixas há muito tempo.

Ultimamente vocês têm escutado algum guitarrista que achem que estão tocando num nível alto?

Gers: Na verdade, não. Eu realmente tenho que olhar para trás para os guitarristas com os quais cresci ouvindo, como Rory Gallagher e Paul Kossoff. Meu preferido era Jeff Beck, que pegava as coisas no ar. Estes são os que me arrepiam.

Murray: Eu gosto do Joe Bonamassa, mas basicamente eu escuto os caras que cresci escutando. Eles tendem a remasterizar aquele material de vez em quando, então acabo comprando tudo de novo. Prefiro ouvir muito dos caras antigos: B.B. King, Albert Collins e Django Reinhardt.

Smith: Eu gosto os caras dos anos 90, como Joe Satriani e Steve Vai. Você tem que respeitar estes caras. Fora eles, entretanto, parece que a guitarra é usada como um aríete (N.T.: Um aríete é uma antiga máquina de guerra constituída por um forte tronco de freixo ou árvore de madeira resistente, com uma testa de ferro ou de bronze a que se dava em geral a forma da cabeça de carneiro. Os aríetes eram utilizados para romper portas e muralhas de castelos ou fortalezas.), e você não escuta muitos solos melódicos.

É de conhecimento de todos que as rádios e televisões não têm sido particularmente úteis ao Maiden, e ainda assim vocês venderam 100 milhões de álbuns. Quando vocês começaram, não havia internet ou mp3, então vocês tiveram que fazer do jeito mais difícil.

Smith: Foi uma jarda difícil, uma milha difícil. Nós fazíamos muitas turnês e construímos uma base sólida de fãs ao redor do mundo. Se as rádios não irão tocar nossas músicas, então iremos lá tocar para as pessoas. Nós somos diferentes da maioria, porque você vem nos ver, e é um grande show de Rock. Muitos garotos vêm nos assistir, e provavelmente eles nunca viram ninguém fazer o que fazemos. Não podemos continuar para sempre, mas estamos nos divertindo e não iremos parar tão cedo.

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