Remus Down Boulevard: material inédito com Dennis Stratton



Quase na virada do ano de 1974 para 1975, a Remus Down Boulevard foi criada quando Dennis Stratton e Steve Gough se juntaram a Dave Edwards - de uma banda chamada Uncle Sam. O quarteto se completou com a adição de Johnny Richardson na bateria e a banda passou a tocar em diversos lugares como o Golden Lion pub, o Red Cow, o Bridgehouse pub, e o clube Double Six.

Em 1977 eles são contratados pela UK Records, companhia de um exuberante Johnatan King, que promete à banda um álbum ao vivo, gravado no Marquee Club. Após tudo ficar pronto, King dá pra trás, deixa o gerenciamento musical e engaveta o esperado álbum, esfriando o ânimo do pessoal da RDB. Após ser contratada por outra empresa, a Quarry Management, novas promessas são feitas. Gravam 2 faixas para a coletânea de bandas, Live: A Week At The Bridge E16, e tocam ao lado do Status Quo em turnê pela Escandinávia. Mais para o final de 1979, Stratton é chamado para tocar com o  Iron Maiden.

Ricardo Lira e Raul Veiga correram durante um bom tempo atrás de informações do tal "álbum perdido" produzido por Johnatan King, no Marquee Club. "É impossível rastrear. Chegamos a entrar em contato com o próprio Johnatan King, mas o mesmo disse que queimou as fitas. É mole? Não acredito muito nessa história.", disse Ricardo Lira. "Gravações de bandas de Dennis Stratton, que não sejam Maiden, Lionheart e Praying Mantis", explica Raul, "não são assim muito tranquilas de achar. No caso do Remus Down Boulevard - que vem antes do Maiden na cronologia Stratton -, as únicas gravações oficiais saíram naquele álbum A Week At The Bridge, lançado pela Bridgehouse Records. Isso foi em 78.". "Que, como se trata de uma compilação de bandas", completa Lira, "teve apenas 2 faixas. Isso é tudo o que se tem da RDB, então é uma banda de material bem raro".

Essas faixas seriam "Gun Runner" e "Only for You" - gravadas em abril de 1978 no pub The Bridgehouse, e hoje disponibilizadas no YouTube.





"Achávamos que a busca tinha terminado, quando ouvimos aqui e ali uma historinha que indicava uma atitude tomada pela companhia Quarry, parecida com a de Johnatan King. Então... outro álbum ao vivo havia sido planejado? Tínhamos que descobrir! Dali por diante soubemos até que o álbum tinha um nome." "Isso mesmo", confirma Lira. "Do álbum perdido de King, atingimos sem querer outro ponto que a história não conta. E depois, essa fita". "Em outras palavras, uma 2a. tentativa da banda em lançar seu primeiro álbum".

O que, novamente, não ocorreu. Alguma ideia do por quê desse 2o. perdido álbum também não ter saído? "Não", diz Raul, "mas desconfiamos. Ele foi gravado cerca de 1 mês antes das gravações que foram parar no Week at the Bridge, então pode ter havido conflito de interesses entre a Quarry e a Bridgehouse Records. Não sei.". "Segundo sabemos", diz Lira "a Quarry queria manter a RDB fazendo grandes shows e não tocando em pubs. Nessa época, para tocar em pubs, chegaram a usar o pseudônimo D.D. Band".

E podemos saber o que se esconde no conteúdo da fita? "É um show completo, cerca de 12 faixas, gravado diretamente da mesa", explica Lira, "Provável que à época estivesse em ótimas condições, mas agora não está. O som... um tanto abafado. Precisamos ver o que fazer para melhorar a qualidade disso... Quanto ao conteúdo, além de tocarem as 2 oficiais, há umas como "I Wanna See Your Smile", uma versão de "Johnny B Good", que eu acho que eles tocam no final, e uma série de outras não-anunciadas."



Alguma relação com o Iron Maiden que possamos destacar?

"Um número que me chamou a atenção", respondeu Lira", foi uma instrumental, no meio do show, em que se percebe que algumas partes do solo foram usadas em 'Phantom of the Opera'. Dá pra perceber claramente. Soube que não era um número que a banda costumava fazer".

Algo mais, rapazes?

Raul responde. "Sim, felizmente. Conseguimos também um material promocional da Quarry, de 1977, de estúdio. São cerca de 5 ou 6 faixas, contendo uma lá chamada "Things I've Got to Say", que não está nem no ao vivo". Lira finaliza: "Sabemos que muitos fãs do Maiden não se importam com esse tipo de gravação. Fato. Qualquer coisa que fuja do mundo deles (no máximo relacionado a Bruce ou Adrian) não serve pra coleção. Isso é trivial. Mas há uma minoria que se importa e sempre pergunta sobre esse tipo de gravação. Esperamos que estejam felizes em saber. Infelizmente, nos dias de hoje, os garotos não cavam mais nada. Tudo chega na mão deles através da Internet e a busca arqueológica parece ter cessado de vez. Uns 'sem-noção' chegam a dizer que bootlegs não tem valor algum! De fato, quem nunca tirou o rabo da cadeira para correr atrás disso, vai atribuir valor a que?".