Traduzido por Invisible Kid / Whiplash!
A primeira edição com capa em 3D da revista Metal Hammer já está circulando no exterior e traz uma grande reportagem sobre o atual momento do Iron Maiden. Além de reafirmar o novo álbum "The Final Frontier" como um dos melhores da banda - que "deixará os fãs sorrindo por 1 ano" - a matéria revela detalhes sobre o passado e o futuro próximo da Donzela. Confira abaixo os destaques do texto:
Sobre o set da atual turnê, que privilegia as músicas dos últimos 10 anos:
Adrian Smith: Não queremos ser um número de cabaré. Poderíamos tocar em Las Vegas pro resto de nossas vidas, mas queremos tocar material novo e continuar andando pra frente. Essas músicas são um tanto longas e pode ser levemente complicado para a platéia, mas o retorno tem sido fantástico.
Sobre os fãs dos EUA em relação à Europa e América do Sul:
Adrian Smith: Não me lembro de ter antes uma reação tão boa assim nos Estados Unidos. O público está realmente curtindo. A resposta tem sido bem mais "européia", por assim dizer. Na Europa a reação é sempre ótima e nos sentimos nas nuvens, mas nos EUA você tem sempre que dar mais duro, porque a platéia, curiosamente, é mais paradona. Na Europa e América do Sul eles agitam loucamente o tempo todo, mas aqui eles podem escolher não reagir tanto, então você tem que levar as coisas um pouco além.
Sobre a relação entre os membros da banda hoje e no passado:
Steve Harris: Hoje estamos bem mais felizes e dá pra ver isso no palco. Não há razão para não continuar se ainda temos vontade para isso. Estamos mais velhos e sábios, não discutimos mais por coisas estúpidas. Bem, talvez algumas vezes, mas não dura 5 minutos! Está mais fácil e hoje nos conhecemos bem melhor. Sempre usamos as coisas de uma forma positiva. Se você está se sentindo pra baixo ou puto, transforme isso numa música obscura. Fiz praticamente um álbum inteiro assim: The X Factor!
Sobre as explorações musicais da banda desde Brave New World (2000):
Bruce Dickinson: O novo álbum é provavelmente o mais distante do nosso som característico. Isso tem acontecido progressivamente desde o Brave New World. Mas nada disso é premeditado. Acho que a chave é não fazer álbuns com tanta freqüência. Não queremos montar uma fábrica. Mas quando você faz algo interessante como este álbum, você sente "ei, deveríamos fazer outro!". Poderíamos estar entediados com tudo isso, mas obviamente não estamos!
Steve Harris: Os álbuns que fizemos nos últimos anos, e mesmo coisas antes disso, como "Sign of The Cross", essas músicas se equiparam a tudo aquilo que já fizemos. São um pouco diferentes, mas quem iria querer "The Trooper" parte 2? A EMI quis uma "Run to the Hills" parte 2 naquela época - dissemos a eles pra onde deviam ir! Qual o sentido de repetir as coisas antigas? Os fãs discutem nos bares até não poderem mais sobre o que deveríamos fazer, se este álbum é melhor que aquele, mas não se pode ligar muito pra isso. Será que devemos distribuir um questionário ou algo assim? "O que você gostaria de ver no próximo álbum?". Não, não vai rolar! Ha ha!
Sobre "Satellite 15", que abre o novo álbum, ser diferente de tudo o que a banda já fez:
Steve Harris: Esta música era uma idéia básica do Adrian. Juntei com a letra e saiu completamente diferente da intenção inicial dele, mas ficou ótimo! Fiquei realmente empolgado com ela, talvez mais do que com algumas das outras músicas, simplesmente porque ficou muito diferente. Ela abala as estruturas. Ainda ficar empolgado assim... na minha idade é algo bom! Ha ha! Ela soa meio industrial para mim [N. do T.: Steve pode ou não ter empregado esta palavra no sentido do rótulo músical], como uma música-tema de filme, e é muito boa. Ela começa o álbum de um jeito ótimo, com seu título, o clima de ficção científica e tudo, e realmente dá conta do recado! Poderia servir como intro ao vivo, também.
Bruce Dickinson: Evocamos o aspecto da ficção científica nesta música. Tive a idéia para o título do álbum 15 meses atrás. Não tínhamos uma música sequer e eu apenas pensei "Deveríamos chamar o próximo álbum de The Final Frontier!", porque é mais ou menos... pode ser, mas pode não ser! Quando você chega à fronteira final, está em território não-mapeado. Soou legal. Significa que podemos ir pro espaço atrás de um Eddie e coisas assim, e ficamos um tempo sem fazer esse tipo de coisa. Tem um certo romance nisso.
Sobre a velha questão de o Iron Maiden fazer apenas 15 álbuns:
Steve Harris: Verdade, eu sempre disse que queria fazer 15 álbuns de estúdio. Bem, não sempre. Acho que comecei lá pelo 4º ou 5º álbum, mas eu não esperava fazer mais de 3 quando começamos! Acho que tem um pouco de provocação nessa história, particularmente no lado do Bruce [que teve a idéia do título]. As pessoas vão pensar ou que é o último álbum, ou que somos fãs de Star Trek, ou ambos, mas realmente não é isso [N. do T.: "The Final Frontier" é o subtítulo do filme "Star Trek 5"]. É só um título bastante forte. Se é assim que você quer ver, então que seja, mas seria triste não fazermos um outro álbum, triste para os fãs também. Teremos que ver.
Bruce Dickinson: Seria o título provocação? Sim, claro que é! Ha ha ha! Porque embora não tenhamos decidido genuinamente sobre um outro álbum, pensamos que as pessoas estão fadadas a dizer "Oh, é o último álbum!", então vamos apenas dizer "não necessariamente!". Ha ha! Não sei que nome vamos dar ao próximo. Talvez "Never Say Never!". Ha ha ha!
Nicko McBrain: Acho que todos estão sendo cuidadosos demais, porra! Não, não será nosso último álbum. Não para mim. O sentimento geral é de que se quisermos fazer um outro álbum, faremos. Nunca se pode dizer "nunca", e meu sentimento pessoal é de que faremos uma tour do próximo álbum, tocaremos material novo, um novo palco e tudo mais, e aí vamos fazer mais um. "The Final Frontier" apenas se encaixa bem no clima do momento. As pessoas já disseram "Oh, então é isso?". E não porra, não é "então é isso". Não até que o bom Pai se vire e diga a um de nós que é hora de ir!
Sobre conquistas que a banda ainda almeja:
Bruce Dickinson: Há muitos países onde ainda não tocamos e seria ótimo. Não acho que "já deu" para o Maiden. Penso nisso como uma coisa musical, mas também como fenômeno social. Existem países, como os islâmicos, onde o Maiden representa algo realmente poderoso para os jovens. Então temos mesmo uma chance de derrubar algumas barreiras, e há outros caminhos que a banda pode trilhar. Temos que ver quais são.
Steve Harris: Quando fomos à Índia pela primeira vez, as pessoas diziam o mesmo que dizem em todo lugar, como "Cresci ouvindo sua banda!". Foi fantástico. Parece haver outros lugares assim. É muito empolgante tocar para fãs que te conhecem e te amam. Ir a outros lugares é sempre renovador, e não dá pra escapar. Isso te faz querer seguir em frente.
Sobre a idéia da vida pós-Maiden:
Bruce Dickinson: Eu nunca penso nisso de verdade, pra ser sincero. Se o Maiden saísse da ativa, ainda haveria uma espécie de fantasma do Maiden assombrando os corredores! Se não formos todos nós, não será o Maiden.
Nicko McBrain: Vamos tocar até cair, basicamente. Mas não vamos tocar se não conseguirmos mais mandar bem. Ainda amo estar lá e ainda consigo me manter afiado. Se eu administrar meu ritmo, ainda posso detonar. Escute aqui, qualquer um que pense que pode conseguir meu emprego, pode esquecer, porra!
Steve Harris: Estamos nos divertindo e simplesmente remamos com a maré. Ainda não estamos parando, vamos colocar assim. É bom, neste ponto de nossas carreiras, ter tudo isso acontecendo, nosso próprio avião e tudo mais. Às vezes você precisa se beliscar. Não estou dizendo que merecemos, mas trabalhamos arduamente por muitos, muitos anos e qualquer pessoa que seja fã de longa data sabe disso e vê a dedicação que colocamos em cada coisa que fazemos. Então nós aceitamos, obrigado!
Fonte: Metal Hammer