Autor da primeira resenha do "The Final Frontier", o canadense Adrien Begrand voltou a escrever sobre o novo álbum do Iron Maiden, com lançamento marcado para 16/08/2010. Responsável por resenhar centenas de álbuns dos mais variados artistas, o jornalista começou sua carreira em 1986, quando apontou "Somewhere In Time" como Álbum do Ano entre todas as categorias. Abaixo, os destaques do descontraído texto publicado recentemente em seu blog...
Review: Iron Maiden - The Final Frontier
Por Adrien Begrand: "The Final Frontier" é bom. Muito bom. Ouço Iron Maiden há 26 anos, e sei dizer quando um álbum deles é bom ou ruim. Com base nas audições que fiz, minha reação inicial é equipará-lo ao "Brave New World" (2000). Não necessariamente uma reinvenção, mas uma nova demonstração do tanto de pegada e inspiração que a banda continua tendo 11 anos após o retorno de Bruce Dickinson e Adrian Smith.
Com 76 minutos, há um caminhão de coisas a digerir, mas não é como o caso do Metallica, que usa os 79 minutos de um CD como desculpa para, de maneira egoísta, entuchar todo tipo de material de segunda mão, dizendo que querem "dar aos fãs o máximo possível". Essas 10 músicas se sustentam, ou pelo menos dão a sensação de que vão se sustentar, depois de audições futuras. Cada uma é memorável.
Gosto da seqüência das músicas. Depois da intro absolutamente insana de "Satellite 15" - o material mais pesado já gravado pelo Iron Maiden - as primeiras músicas têm uma pegada forte de hard rock dos anos 70. Não por acaso, Adrian Smith está por trás desses riffs grudentos. Junto com Steve Harris, ele admite a pesada influência de UFO e Thin Lizzy, que ambos tiveram prazer ao explorar.
"The Final Frontier", como provavelmente todos já sabem, é uma bela música, uma maneira fantástica de começar o álbum. "El Dorado" traz uma galopada sólida que já se transformou num momento ao vivo excepcional. "Mother of Mercy" é mais obscura, mas ainda concisa (com um refrão bem marcante, que ainda me surge na cabeça), enquanto "Coming Home" desacelera as coisas só um pouco. Sem ser exatamente uma balada, traz um olhar pensativo sobre a turnê que resultou no "Flight 666", com a letra de Bruce Dickinson inpirada por sua visão do cockpit da grande aeronave.
"The Alchemist", inspirada em John Dee (cientista e ocultista do século 16), é provavelmente a mais fraca ou mais comum do álbum. Depois dela, as coisas ficam realmente interessantes. As músicas ficam mais longas, mais labirínticas, um pouco mais experimentais. "Isle of Avalon" é absurdamente boa, com destaque para uma progressão teatral, guitarras dissonantes que adicionam tensão, um intervalo legal liderado por Harris, e os melhores solos de guitarra do álbum. "Starblind" revisita os sons no estilo sintetizado do "Somewhere in Time" e é puxada por uma performance eletrizante de Dickinson.
"The Talisman" traz a quintessência do Maiden, uma música que aperta todos os botões aos quais os fãs se acostumaram: construção lenta, mudança explosiva de tempo, grande refrão. Uma fórmula consagrada, mas que, ao contrário de algumas faixas do passado, não soa batida.
Dá para ver que "The Man Who Would Be King" surgiu de uma idéia de Dave Murray. Dá para identificar aquelas melodias dele a quilômetros de distância. A maior surpresa é guardada para o fim, já que "Where The Wild Wind Blows" é um épico de 11 minutos de Steve Harris, mas não na mesma linha de "Rime of The Ancient Mariner" ou "Sign of The Cross". Ao longo dos anos, as músicas que ele assina sozinho começaram a me afetar um pouco. Fato é que ele pode ser previsível, e em nossa entrevista ele admitiu isso… numa música de Harris, você sempre sabe o que vem depois; ele tem usado a mesma moldura [template] desde "Alexander The Great" ou talvez antes. Então "Where The Wild Wind Blows" soa um pouco chocante, porque desta vez Harris resiste completamente a essa tendência , com uma música que é mais sutil e do que grandiosa. Construída em torno de uma melodia simples mas bem marcante, ela realmente cresce aqui e ali, mas nunca explode naquelas galopadas que esperamos, mantendo o mesmo ritmo controlado. Bruce acompanha de acordo; seu vocal não é exagerado, mas sim muito disciplinado. A letra apresenta um personagem profundamente arrependido, que flerta com a paranóia grave. Uma nota bastante melancólica fecha o álbum, ao invés de um final cheio de floreios.
Eu gostaria de ouvir o álbum de novo só para ver como vai soar, mas como vocês, tenho de esperar até a data de lançamento. Fora as duas sessões de audição, não haverá qualquer material adiantado. Cópias promocionais não serão distribuídas, num esforço para proteger o produto. Eu não esperaria que este álbum vazasse de maneira alguma. A segurança é realmente cerrada. Mas, no mínimo, posso dizer que daqui a pouco mais de um mês, a espera definitivamente terá valido a pena.
Basement Galaxy
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Fonte: Whiplash!