Resenha: Iron Maiden em Porto Alegre - Arena do Grêmio - 09/10/2019

Por Everaldo Junior

Das geladas terras canadenses pr’as quentes terras brasileiras, o show de Porto Alegre foi o terceiro em terras nacionais e o último da minha turnê pessoal. No total, foram nove shows vistos nessa Legacy of the Beast World Tour 2018/2019. Estônia e Finlândia em 2018 e Fort Lauderdale (EUA), Montreal, dois em Toronto (Canadá) e Rock in Rio, São Paulo e Porto Alegre no Brasil em 2019. No seu todo, lá se vão 33 shows...Longe do Brasil desde 2017, foi uma grata surpresa reencontrar tantos amigos espalhados pelo Brasil e mundo. Feitos pela mesma paixão pelo Maiden. No final, o último abraço foi o mais inusitado de todos. O Verneri, um finlandês gente boa que conheci na minha primeira tour maluca fora do país, na Final Frontier em 2010 na Europa. Hoje, ele, apesar d’ainda morar na Finlândia, é casado com uma brasileira. Adivinhem? Fã do Maiden...

O show de Porto Alegre foi o extremo oposto do Morumbi em São Paulo. Aqui, a pista premium ocupava toda a área da pista da Arena do Grêmio. Isso permitiu que os ingressos ficassem mais baratos e houvesse mais conforto para os presentes. E é justo também. Quem quiser ver o show mais de perto, chega mais cedo. Quem não faz questão de ver tão próximo, tem espaço suficiente p’ra ver o show com conforto sem a guerra que foi em São Paulo. A crítica, porém, é a mesma. A pista “premium” de premium não tem absolutamente nada. Principalmente em São Paulo.

Pouco mais de 10 minutos após às 21h, após a breve introdução do vídeo do game “Legacy of the Beast” nos telões, a tradicional “Doctor Doctor” iniciou seu tradicional aviso que o show estava começando. Pro sorriso dos gaúchos, pouco mais de 5 minutos depois, o Iron Maiden entra furioso com Aces High e seu já tradicional “Spitfire” louco p’ra voar fora do palco. Olhas ao redor e tu vê uma legião de marmanjo, típicos gaúchos, quase chorando, hehe. Muitos deles com seus filhos. Após SP, a cidade mais roqueira do país, deu às boas vindas aos bretões seguidos de clássicos absolutos como Where Eagles Dare, 2 Minutes to Midnight, The Trooper (com bandeira do Brasil) e The Clansman. 

Bruce estava a fim. E quando o baixinho está a fim, o show sempre tem um extra de energia. Talvez por ter tido dois dias de descanso após o show de SP, na minha humilde opinião, o show de Porto Alegre foi o show do Brasil que a voz dele estava melhor. De longe. Embora o show de SP tenha sido mais selvagem e o do Rio mais “polido” por conta da transmissão ao vivo, é claro que ele não deixou de provocar, como sempre. Dizendo ao público que o show do Rio, tinha sido bom, o de SP, fantástico e vocês, gaúchos? O que farão em relação a isso? E os gaúchos responderam bem. Mais calmos e menos selvagens que os paulistas, mas igualmente, mostraram a mesma paixão que começou lá em 92 no gigantinho nessas terras aqui...

Após a mudança de cenário de selva de guerra p’ra catedral “Maidenizada”, Revelations dá sequência ao couro de clássicos com as já tradicionais teatrais trocas de figurinos que já foram imortalizadas nessa fantástica “Legacy of the Beast”. Novamente For the Greater Good of God é o único ponto negativo do show. Claramente é a música menos conhecida do público e, talvez por isso e do auge dos seus 10 minutos, faça o show perder o fôlego pra então retornar sem piedade com uma sequência de Wicker Man, Sign of the Cross (com toda maestria instrumental da banda e toda pirotecnia de palco), Flight of Icarus pra incendiar tudo (com o lança chamas como mensagem subliminar), Fear of the Dark (que sempre levanta até defunto) e Number of the Beast e Iron Maiden, com muitas chamas altas, Eddie demônio gigante e Bruce enfatizando que ele quer todo mundo. E por quase 40 anos, ele tem tido a todos. O Iron Maiden realmente te pega, não importa onde estejas...

The evil that men do, Halloweed be thy name e Run to the Hills completam o bis pra, infelizmente, findar o show do sexteto britânico em terras gaúchas e brasileiras. Longos 11 anos haviam separado aquela já distante apresentação no Gigantinho em 2008 na Somewhere Back in Time. Bruce, assim como São Paulo, prometeu voltar. A idade avançada dos caras, especialmente Nicko McBrain (67) sempre põe uma pulga atrás da orelha de até quando estes senhores terão energia p’ra continuar. Assim como, a quem tem o privilégio d’assistir essa lenda, se perguntar e se questionar que sim, pode ter sido o último. A quem teve essa honra de ve-los ao vivo, que guarde na memória e no coração, porque enquanto o Maiden viver, “...até a pé nós iremos, para o que der e vier. Mas o certo é que nós estaremos com o Maiden onde o Maiden estiver...”

PS: Um enorme obrigado ao Igor aqui do Blog 666 que, assim como São Paulo, me cedeu a credencial p’ra cobertura desse show. Assim como o pessoal da Midiorama, em especial a Ana Paula Silveira. Também ao Jorge, um amigo feito através do Iron Maiden ao longo dos anos que me encontrou no meio da Arena Grêmio. Raul e sua companheira Verônica do Rio de Janeiro, Guilherme e sua patroa Janaína, Coxinha do Hellcife, Ricardo e sua dona de Campinas, Ermeson do Ceará, Adriano de Campinas, Márcio de Minas Gerais, Leandro de SP, Jayme e sua companheira e Oião, igualmente do Hellcife. Um enorme prazer ter dado um jeito de dar ao menos um abraço em vocês, caras. Das terras geladas canadenses p’ras terras quentes brasileiras. Meu sincero muito obrigado a todos vocês. Vejo vocês na próxima turnê em algum lugar no mundo...