Bruce Dickinson: "É o maior e melhor show que nós já tivemos"


Enquanto esperava pela ligação do G1, Bruce Dickinson tomava um café, em seu chá da tarde em Londres. "Mas acho que não era brasileiro, é de uma dessas máquinas de expresso", explica o cantor de 60 anos.

Além de café, o vocalista do Iron Maiden falou também de cerveja. E de música. A banda de heavy metal formada em 1975 vem ao Rock in Rio pela quarta vez. Vai fechar o dia do metal, em 4 de outubro, com Scorpions, Megadeth e Sepultura.

Ele diz que o show será "quase o mesmo" da turnê Legacy of the Beast. A abertura tem uma fala de Winston Churchill, seguida por "Aces High". São 16 músicas e uma dobradinha no fim com "Fear of the Dark" e "The Number of the Beast".

No papo com o G1, ele critica as bandas atuais e garante que o Iron Maiden está no auge: "Temos mais experiência. Nossa banda está muito melhor do que antes".

G1 - Os fãs brasileiros devem esperar algo parecido com o set da turnê europeia na qual vocês estão agora?

Bruce Dickinson - Sim, será quase o mesmo setlist. É o maior e melhor show que nós já tivemos. Para quem nos viu no YouTube, não é como estar lá, não é a coisa real... É claro que todo mundo vai ao show sabendo qual será a ordem das músicas, mas quando você ver o "avião" voando na primeira música seus olhos não vão acreditar, é inacreditável. É um espetáculo.

G1 - Nas três vezes no Rock in Rio, qual foi a melhor e qual a pior?

Bruce Dickinson - [Risos] Eu não me importo muito. É sério. É que para mim cada performance sai de um jeito diferente... Todo show tem coisas ruins e boas. A primeira vez que tocamos no Rio foi incrível. Era a primeira vez no Brasil. O primeiro Rock in Rio foi um pouco desorganizado. Talvez algumas coisas da parte logística poderiam ter sido melhores. Mas isso não afetou a paixão e a verdade daquilo.

G1 - O que você costumava fazer em 1985 que não faz mais?

Bruce Dickinson - Não tem nada que fazia naquela época que não possa fazer agora. Estamos melhores agora do que em 1985. Fomos ficando melhores... [Risos] Somos mais velhos, temos mais experiência. Nossa banda é muito, muito melhor do que antes.

G1 - Quando conversei com Roberto Medina, do Rock in Rio, ele disse que o Iron Maiden seria headliner, porque existem poucas bandas que podem fazer esse trabalho. E quase todas têm mais de 30 anos de carreira... Por que isso acontece?

Bruce Dickinson - Muito disso tem a ver com a forma como a música evoluiu como negócio, com os fãs fazendo download e coisas do tipo... Você precisa ter lealdade por uma banda, ela tem que ser importante para você.

Algumas bandas da era da internet são imediatistas. Querem fazer sucesso o mais rápido possível e ficarem famosas antes do que deveriam. Acaba virando um padrão. Você age como se estivesse no seu próprio reality show, mas não tem conteúdo e essência no que você faz.

O Maiden e as outras bandas clássicas que podem ser headliners sempre tiveram uma essência em sua música. Música deveria ser 100% do que a gente faz. O resto está além de nós...

G1 - Uma vez no palco do Rock in Rio, você disse que a cerveja brasileira era 'uma m...' e que tinha que trazer a sua. Foi uma piada ou você acha que a cerveja aqui, em geral, é ruim?

Bruce Dickinson - [Risos] Na verdade, o Brasil tem uma longa tradição em fabricar cerveja. O que eu não gosto é das cervejas feitas para as massas, as grandes marcas [cita várias]... Elas são sem graça demais. Então, eu sei que existe excelência em cervejas no Brasil, muitos sabores interessantes. Eu fiz a mesma piada no México...

G1 - E você tomou muitas cervejas artesanais brasileiras?

Bruce Dickinson - Sempre quando vou ao Brasil, na nossa lista do camarim eu peço cervejas locais. E quando eu digo locais, são aquelas feitas de um jeito fascinante..

G1 - Existe alguma música que os fãs amam, mas se você pudesse, você tiraria do show por já ter cantado muitas vezes?

Bruce Dickinson - Não.

G1 - E qual nunca poderia tirar?

Bruce Dickinson - Eu defendo cada música que eu estiver cantando naquela hora. Algumas são mais difíceis de cantar do que outras, sabe? Depende da parte em que elas estão no set. "Aces High" é sempre difícil e tenho que estar preparado para ela porque é a primeira no set. É como disputar uma corrida de 100 metros rasos sem me aquecer. Nada me prepara para a quantidade de adrenalina de quando você entra no palco. Eu só tento me acostumar".