O que o disco solo de Steve Harris representa para o futuro do Iron Maiden?
Por: Ricardo Seelig // Collector's Room
Steve Harris, baixista, líder e principal compositor do Iron Maiden, surpreendeu o mundo ao anunciar ontem, 18 de julho, que lançará um álbum solo no próximo dia 24 de setembro. Batizado como British Lion, o disco teve a sua capa divulgada e poucas outras informações reveladas - como o nome do produtor, Kevin Shirley, e a participação dos desconhecidos Richard Taylor (vocal) e David Hawkins (guitarra).
Confesso que achei muito estranha essa notícia. Estranha porque me pergunto qual o motivo que levaria Steve, que é o autor ou co-autor de aproximadamente 80% das músicas que o Iron Maiden gravou em toda a carreira, lançar um trabalho solo. E em cima dessa dúvida pensei algumas coisas que gostaria de dividir com vocês.
A primeira possibilidade é que o material que Harris compôs é muito diferente e não se encaixa no Iron Maiden, e por isso ele resolveu lançar essas faixas em um disco solo fora da banda. Isso justificaria a existência de um álbum solo, sem dúvida. Sabendo que Steve é um grande fã do hard rock e do prog setentistas, dá água na boca imaginar o que poderia vir nesse trabalho, com Harris investindo pesado nas influências que sempre teve e deixou claro em diversas entrevistas - como a paixão pelo prog folk do Jethro Tull, por exemplo.
A outra explicação é que o Iron Maiden resolveu mudar a sua sonoridade, mexer no seu direcionamento musical - que vem sendo bastante criticado nos últimos anos por alguns segmentos da imprensa e pelos próprios fãs -, e as composições que Steve Harris estava trabalhando seguiriam o que a banda vem fazendo em seus discos mais recentes. Por essa razão, devido à essa hipotética mudança, o baixista resolveu lançar suas canções inéditas em um trabalho solo. Se isso acontecer - e eu estou apenas supondo, que fique bem claro -, seria muito interessante ver o Iron Maiden se arriscando, buscando novos caminhos sonoros perto de completar quase quatro décadas de vida. Vale lembrar que dois dos outros principais compositores da banda, Bruce Dickinson e Adrian Smith, sempre foram muito mais abertos para as sonoridades mais atuais do metal, vide trabalhos excelentes como The Chemical Wedding (1998) e o projeto Primal Rock Rebellion, lançado este ano por Smith. O guitarrista Janick Gers é o outro grande compositor do Maiden atualmente, porém o seu direcionamento é bem similar ao do chefão Steve.
E, por fim, há uma terceira e ainda mais improvável suposição, que seria o encerramento das atividades do grupo. Improvável porque? Por vários fatores. Apesar de alguns mais afoitos darem força a essa hipótese depois do lançamento do último disco de estúdio do grupo, The Final Frontier, de 2010 (que eu, pessoalmente, acho um grande trabalho), devido a simples inclusão da palavra “final” no título, o Iron Maiden de hoje é uma máquina de fazer dinheiro, batendo recordes de faturamento em todo o mundo. O próprio The Final Frontier teve uma das performances comerciais mais fortes de toda a carreira da banda. As turnês do sexteto são certeza de casas lotadas e grande repercussão, como está acontecendo com a atual excursão, a Maiden England, que por enquanto é restrita apenas ao Canadá e aos Estados Unidos, mas atiça o desejo de fãs por todo o planeta. Não há motivo, pelo menos aparente, para a banda pendurar as guitarras, então acho pouco provável que isso aconteça tão cedo.
Será muito interessante ouvir o que Steve Harris preparou em British Lion, mas será ainda mais inquietante acompanhar o que esse disco solo representa não só para o baixista, mas, principalmente, para o presente e o futuro de uma das maiores bandas da história do heavy metal.
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