Esse foi apenas o meu segundo show do Iron Maiden. Em 2009 saí de Teresina com destino à Recife para realizar um sonho que a muito perseguia: Queria ver o Iron Maiden ao vivo. Dois anos depois, lá estava eu mais uma vez, agora em São Paulo, no que eu posso dizer que foi o melhor show que já vi na minha vida!
Dia 26 de Março de 2011, era madrugada e eu me dirigia ao aeroporto de Teresina com a certeza de que aquele não seria apenas mais um dia comum. O Iron Maiden estava de volta ao Brasil após dois anos desde sua última visita ao nosso país e lá estava eu a caminho de São Paulo para ver esse tão esperado reencontro da banda com o público brasileiro.
Após longas 4 horas de viagem, cheguei a São Paulo via aeroporto de Guarulhos. Logo de cara, a primeira visão que tenho ao olhar pela janela do avião é a do Boeing 757 Ed Force One estacionado ao lado da pista de pouso! Não me contive e soltei um palavrão ao ver o avião do Maiden, nesse momento percebi alguns passageiros me olhando um tanto quanto assustados (risos). A ansiedade que já era enorme foi elevada a níveis estratosféricos.
Após o desembarque em Guarulhos, segui para Congonhas onde encontraria com minha amiga Cris McBrain do IMB Notícias. Uma das coisas mais legais dessa ida à São Paulo foi a oportunidade de conhecer os amigos que fiz nesses últimos dois anos com o Blog Flight 666. Saindo do aeroporto, tentamos sem sucesso encontrar com os membros da banda no hotel onde eles estavam hospedados, mas não fomos os únicos a ter essa idéia, resultado: hotel lotado de fãs e nem sinal dos músicos.
Check-in no hotel, almoço e o destino era óbvio, Estádio do Morumbi! Ao chegar à casa do São Paulo Futebol Clube pouco antes da abertura dos portões, a visão inicial era a de uma multidão de camisas estampadas com nosso mascote favorito, Eddie! O grito era um só, e já ecoava em todos os setores ao redor do estádio: “Olê, Olê, Olê, Maiden, Maiden!”
Ainda do lado de fora do estádio, eu e Cris encontramos mais um amigo, Antonio Dourado, também do IMB Notícias. Agora era hora de entrar e esperar pelo começo do grande show. Passada rápida no credenciamento de imprensa, tudo ok, e lá estávamos nós em frente ao gigantesco palco “duas águas”, 48m de extensão e dois enormes telões!
Antes do início do show, muitos fãs, inclusive eu, foram às compras no stand do Merchandise Oficial. A camiseta alusiva à passagem do Maiden pelo Brasil, custava R$ 80,00, as outras R$ 70,00. Na camiseta brasileira, Eddie é um jogador da seleção de futebol exterminando aliens do time adversário (Argentinos?) em uma praia do Rio de Janeiro. Além das camisetas, o stand não tinha lá muitas opções, apenas o já tradicional Tour Programme por R$ 20, chaveiros e outros acessórios que custavam R$ 30.
Helder, Eu, Bruna, Padro, Juliane, Marcel, Cris e Dourado
Gosto muito do primeiro disco do Cavalera Conspiracy e confesso que esperava mais do show, que até a sua metade não havia empolgado pra valer o público. Mas estávamos diante dos fundadores do Sepultura e eles tinham essa carta na manga, foi então que Max agradeceu a todos pelo apoio e mandou ver após o seu tradicional “Vamo detonar essa porra!” um medley fantástico de clássicos como “Refuse/Resist”, “Territory”, “Wasting Away” do Nailbomb e mais Sepultura com “Troops Of Doom” e “Roots Bloddy Roots” que fechou o bom show de abertura.
Agora faltava pouco, apenas mais alguns minutos de espera e logo o Iron Maiden estaria no palco. O Morumbi já estava praticamente lotado e a ansiedade só aumentava. Mas algo pegou a platéia de surpresa, ainda faltava meia hora para o início previsto do show quando os PA’s começaram a ecoar o sinal que todos esperavam, “Doctor Doctor” do UFO era o aviso, o show vai começar! Certamente muitos ainda estavam do lado de fora do estádio e provavelmente perderam o início do show.
A introdução "Satellite 15..." começou e trouxe junto um vídeo nos telões onde Bruce cantava os versos da faixa de abertura do novo disco. A banda surge então com “The Final Frontier” e a explosão de vozes no Morumbi para o refrão da primeira música nos dava uma amostra do que teríamos naquela noite, as mais de 50 mil pessoas cantaram em uníssono a empolgante primeira música do show. Na sequencia veio “El Dorado” com aquela cavalgada típica de Steve Harris e Bruce como sempre incitando o público: Scream For Me São Paulo! A segunda música do setlist realmente funciona muito bem ao vivo e manteve a empolgação inicial do show.
O público a essa altura já provava que não importa o setlist, sejam músicas novas, sejam os clássicos, a empolgação e devoção se mantêm a mesma, ou quase a mesma... “2 Minutes to Midnight” já no começo do show quase fez o Morumbi vir abaixo. Um pequeno deslize de Bruce que anunciou a música do álbum Poweslave como sendo de 1982, mas quem se importa? Todos responderam mais uma vez ao chamado: Scream For Me Brazil!
A introdução de “The Talisman” dá uma esfriada no público que tenta acompanhar a música com palmas um tanto quanto desajeitadas, de repente a segunda parte chega com o coro da platéia que reproduz as guitarras, algo bem típico e bastante presente nas músicas do Iron Maiden nesses últimos dez anos. As guitarras são um show à parte nessa música!
“Boa noite, obrigado, Morumbi!” gritou Bruce Dickinson em alto e bom português na primeira pausa do show. “Eu sei que vocês vão para a igreja amanhã cedo”, brincou o vocalista, “mas a gente não dá a mínima e vamos mantê-los acordados a noite toda”. Então foi a vez de “Coming Home”, que na minha opinião é uma das melhores do disco novo, esta música funciona muito bem ao vivo e teve uma ótima resposta do público que cantou o refrão a plenos pulmões! “To Albion's land, Coming home when I see the runway lights…”.
A rápida troca do pano de fundo já denunciava o que estava por vir, “Dance Of Death” traz mais uma interpretação fantástica do performático Bruce Dickinson, que nos conta “uma história de arrepiar...” na faixa título do álbum lançado em 2003. O público a essa altura já é um show a parte, acompanhando em coro mais uma vez as guitarras de Adrian Smith, Janick Gers e Dave Murray. O pano de fundo muda mais uma vez, e a histeria toma conta do Morumbi! “You'll take my life but I'll take yours too...” e eu só digo uma coisa, quem defende a saída de “The Trooper” do setlist do Iron Maiden deve ser no mínimo maluco! Um dos pontos altos do show, sempre!
A grande maioria do público era formada por jovens da geração “Brave New World”, resultado daquela que talvez foi a maior renovação do público do Iron Maiden, acontecida no retorno da formação clássica da banda em 2001. As próximas duas músicas do set eram uma espécie de prestação de contas com esses fãs, a dobradinha “The Wicker Man” e “Blood Brothers” foi fantástica e empolgou bastante. Mais uma vez, assim como nos últimos shows, a banda fez referências aos fãs no Japão e no Oriente Médio: "Estávamos indo ao Japão quando aconteceu o terremoto. Vinte mil fãs ficaram sem o show... vamos dedicar essa canção a todas as pessoas que fizeram parte dessas tragédias... não importa se você é branco, negro ou amarelo, se você é fã do Iron Maiden, somos todos irmãos de sangue.”
De repente o som do vento toma conta do Morumbi, era a vez de “When the Wild Wind Blows”. A trivialidade e simplicidade do Iron Maiden no começo dessa canção certamente emocionaram todos os presentes. Após a belíssima introdução, vieram as volumosas guitarras que mais uma vez levantaram o público em um dos momentos mais bonitos da noite.
O show poderia acabar ali, mas o Iron Maiden tem mais de 30 anos de história pra contar e o público sabia que muita coisa ainda estava por vir, “The Evil That Men Do” com a participação do Eddie versão “The Final Frontier” pegou muita gente de surpresa. “O que o Eddie está fazendo nessa música?” muitos se perguntavam! E nem imaginavam o que os aguardava! Mais cedo nos bastidores da sala de imprensa o comentário era de que um novo Eddie faria sua estréia no show de São Paulo. Um pequeno e grande detalhe era a única informação sobre ele, “Um Eddie de 8 metros!”, a afirmação foi suficiente para me deixar apreensivo! Que Eddie era esse?
A clássica “Fear Of The Dark” mais uma vez trouxe consigo o espetáculo de vozes da platéia, impossível não cantar junto com a banda. Precisa comentar essa música? Acho que não.
Um pequena pausa e a banda retorna para o Bis, “Iron Maiden” trouxe consigo a ansiedade pela aparição do tão comentado novo Eddie! Aos poucos apareceram os dedos do lado esquerdo, depois na direita e quando o monstruoso mascote de 8 metros surgiu atrás da bateria de Nicko Mcbrain o que se viu no Morumbi foi pra nunca mais esquecer. Os gritos que vinham do público encobriram o som da banda, tamanha era a empolgação dos fãs com o que eles estavam presenciando! Me arrisco dizer que este foi não só o melhor momento do show, como o mais emocionante da turnê até agora, sem dúvidas!
"The Number Of The Beast" e "Hallowed Be Thy Name" foram sensacionais como sempre! É impressionante como depois de tantos anos com essas músicas se repetindo no setlist turnê após turnê, elas ainda continuam a emocionar os fãs! E por falar em emoção, o final do show nos reservava ainda a clássica e divertida "Running Free", que provocava uma explosão de vozes sempre o nosso mestre de cerimônias pedia o retorno no refrão dessa que é uma das mais emblemáticas músicas do Iron Maiden! Steve Harris e as linhas de baixo dessa música conseguem ser mágicos com uma simplicidade sem explicação. Queria que todo show do Iron Maiden terminasse com essa música.
Fim de show e Bruce Dickinson mais uma vez promete voltar ao Brasil, diz que esta não será a última turnê do Iron Maiden, que o show de São Paulo foi gravado para o lançamento do próximo registro ao vivo da banda e que se um dia o Maiden fizer sua turnê de despedida, com certeza São Paulo receberá a Donzela de Ferro!
Obrigado Iron Maiden, foi uma noite inesquecível!
Set List:
1. Satellite 15... The Final Frontier
2. El Dorado
3. 2 Minutes to Midnight
4. The Talisman
5. Coming Home
6. Dance of Death
7. The Trooper
8. The Wicker Man
9. Blood Brothers
10. When the Wild Wind Blows
11. The Evil That Men Do
12. Fear of the Dark
13. Iron Maiden
Bis:
14. The Number of the Beast
15. Hallowed Be Thy Name
16. Running Free
Agradecimentos especiais aos amigos Cris McBrain e Antonio Dourado do IMB Notícias que foram verdadeiros companheiros e estiveram do meu lado antes, durante e depois do show! Gostaria de agradecer também à organização e assessoria de imprensa do evento, que gentilmente cedeu credenciamento ao Blog para a cobertura e nos recebeu muito bem no Morumbi. E pra finalizar abraço especial à todos os amigos que encontrei no dia do show! Valeu por tudo pessoal, até a próxima!