Em entrevista ao site da revista Guitar Edge, Kevin Shirley, produtor que trabalha com o Iron Maiden desde o álbum "Brave New World", conversou, dentre outros assuntos, sobre o segredo para o sucesso e longevidade da Donzela de Ferro.
O relacionamento profissional do produtor Kevin Shirley com o Iron Maiden começou há mais de uma década. Desde então ele tem trabalhado junto com a banda nos projetos de estúdio, álbuns ao vivo, remixagens, e juntando-se a eles novamente no lançamento mais novo, “The Final Frontier”.
Houveram mudanças na formação do Maiden e nas técnicas de gravações ao longo dos anos, mas o método no qual Kevin Shirley e as lendas do Heavy Metal fazem discos, enquanto diferente de algumas formas, nunca perdeu seu groove alto e com clima de hino. A “Guitar Edge” conversou recentemente com Kevin Shirley para saber um pouco mais sobre como ele captura o som clássico do Maiden, e como tem sido trabalhar uma das bandas mais bem sucedidas, amadas e duradouras do gênero.
Guitar Edge: Quando o trabalho no “The Final Frontier” começou? Você esteve com a banda para a pré-produção?
A banda se reuniu em Paris no fim de 2009 para compor e se preparar para este álbum. Começamos a trabalhar em janeiro de 2010 no “Compass Studios”, nas Bahamas, e ficamos lá por seis semanas gravando o disco – toda a bateria, baixo, guitarras e muitos bons takes dos vocais, que acabamos utilizando muito. Então nos mudamos para o meu estúdio particular, “The Cave”, em Malibu, onde passamos mais um mês completando os vocais e mixando o álbum.
Guitar Edge: De que forma o seu relacionamento profissional com o Iron Maiden mudou ao longo dos anos?
Onze anos agora, uau! “Brave New World”, “Rock in Rio”, “Dance of Death”, “A Matter of Life and Death”, “Flight 666”, as remixagens do “Live After Death” e do “Maiden England”, alguns materiais não lançados e agora o “The Final Frontier” – o que é isso? Cerca de oito ou nove álbuns?
Bem, o relacionamento profissional mudou. Eu acho que Steve (Harris), que é meio o macho alfa na banda, costumava ser bem paranóico a respeito de tudo nos discos, mas ele está confiando bem mais nos dias atuais. Ele não sente que precisa se preocupar com tudo e que precisa estar lá o tempo todo. Ele gosta de onde nós chegamos.
Guitar Edge: Você pode acabar confortável demais neste relacionamento? É difícil desafiar músicos que você conhece tão bem?
Não, não é. Nunca é tão confortável. Estes caras estão se pressionando o tempo todo. Adrian (Smith) se desafia sempre, Bruce (Dickinson) está sempre se pressionando, todos estão!
Guitar Edge: Nos fale das alas do estúdio no “Compass Studios”. Qual sua configuração de estúdio?
O “Compass Studios” basicamente é uma grande sala inundada de história. O AC/DC gravou o “Back in Black” lá, e todo mundo, inclusive os Rolling Stones, gravou lá, assim como o Iron Maiden no passado. É uma sala bem básica e não tem, realmente, um som distinto, o que é bom. Algumas salas têm um som e isto se torna uma característica das faixas, mas o “Compass” é bem neutro. Colocamos a bateria na sala principal, e então os guitarristas e seus cabeçotes conectados por cabos de alta qualidade num estúdio adjacente, e o equipamento de baixo de Steve numa sala com seu cabeçote num escritório ao lado.
Guitar Edge: Como sua abordagem de gravar guitarras mudou, desde o advento da tecnologia de D.A.W.s (Digital Áudio Workstation), modeling, plugins, etc?
Não mudou. São guitarras de verdade e amplificadores de verdade, gravados com microfones.
Guitar Edge: O que é similar ou diferente na forma em que Adrian, Dave (Murray) e Janick (Gers) gravam, e como isto é baseado no seus estilos individuais e abordagens da guitarra?
As gravações são basicamente iguais – como em todo instrumento. Fazer soar como o músico quer, colocar um bom microfone na frente e gravar. O estilo vem dos músicos.
Guitar Edge: Quais são os desafios de gravar uma banda de três guitarristas?
É tudo parte do trabalho. É bem mais difícil gravar três guitarras distorcidas do que gravar duas. E quando você adiciona o baixo de Steve, que tem as muitas das características de médio de uma guitarra distorcida, o desafio em busca de claridade para cada instrumento se torna bem assustador. Mas este é o trabalho. Você apenas vai lá e faz.
Guitar Edge: “The Final Frontier” está se provando ser um dos álbuns mais bem sucedidos da banda. Tendo sido parte integral do som dele através várias fases da carreira deles, você credita a popularidade da banda a o quê? O som deles tem se mantido consistente ao longo dos anos. Esta é a chave para o sucesso e longevidade deles?
Não, a chave para o sucesso deles é acreditar no que fazem, recusando-se a fazer concessões às filosofias das corporações, sem se deixarem levar por gostos bizarros e modas – e entregando 110% todas as vezes que fazem algo. E não estou puxando o saco, é apenas a verdade!
Fonte: Guitar Edge
Tradução: Imprensa Rocker
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