Texto: Anderson Nascimento
A crise vivida pela indústria fonográfica desde o surgimento do mp3, no fim dos anos 1990, afetou diretamente o modo como consumimos o produto música. Se antes as grandes gravadoras monopolizavam o mercado, impondo preços e formatos a seus clientes, hoje a internet democratizou o acesso à música, criando um acervo imenso de álbuns na rede mundial de computadores. Esse livre acesso à música via internet causou uma verdadeira reviravolta nas pretensões das grandes gravadoras, especialmente da gigante inglesa EMI, uma das maiores distribuidoras de música do mundo.
A EMI viveu 50 anos de lucros exorbitantes, tendo em seu catálogo bandas como: Beatles, Queen, Iron Maiden, Pink Floyd, entre outros. Mesmo assinando contratos milionários com os melhores artistas britânicos e de todo o mundo, a gravadora não conseguiu manter os mesmos números com mais uma transição de formato musical. Se na passagem do vínil para o CD, as vendagens de discos aumentaram, com a incorporação da música em formato digital e sem valor algum na internet, a quantidade de CDs comercializados diminuiu drasticamente nos últimos anos.
O Radiohead, uma das bandas mais influentes da atualidade, também acertou um duro golpe na EMI. Em 2007, o grupo encerrou o contrato que mantinha com a gravadora e lançou seu mais recente álbum, In Rainbowns, de forma independente, via internet. O fã da banda poderia pagar o valor que quisesse pelo disco. Em 2008, os Rolling Stones também abandonaram a gravadora para assinar com a Universal. Na época do novo acordo, a banda declarou que "a Universal demonstra uma mentalidade criativa, progressiva e baseada na música". Pior para a EMI
Em 2010, mais boatos sobre uma provável crise financeira na EMI voltaram a surgir. Os estúdiios Abbey Road, imortalizados pelos Beatles, iriam ser postos a venda pela gravadora, com a desdulpa de captar recursos. Após muita polêmica, inclusive com Sir Paul MacCartney se manifestando, a EMI voltou atrás, decidindo por manter os estúdios em seus planos.
Recentemente alguns acontecimentos abalaram ainda mais as estruturas da EMI. A banda Pink Floyd venceu um processo contra a gravadora. O grupo alega que a EMI vendia de forma irregular suas músicas no ITunes. O contrato acordado entre as duas partes só autorizava a comercialização de álbuns completos da banda, mas a EMI vendia as músicas de forma avulsa na internet.
O capítulo mais recente desta história indica um caminho preocupante para a EMI. O The Wall Street Journal divulgou em seu site oficial que a EMI teria feito um acordo para liberar todo seu acervo na América do Norte em troca de US$ 150 milhões por ano. O acordo beneficiaria diretamente grandes concorrentes da EMI, como: Warner, Universal e Sony. Mas a EMI ainda não se pronunciou oficialmente sobre o acordo.
Fonte: Obaoba.com.br