Bruce Dickinson: ouça entrevista para a CBC Radio



Ouça o áudio da recente entrevista de Bruce Dickinson para Brent Bambury da CBC Radio sobre o Airlander. O vocalista que se recupera do tratamento contra um câncer na língua, fala sobre o seu investimento no projeto da maior aeronave do mundo e brinca sobre a possibilidade do Iron Maiden um dia poder vir a utilizar o dirigível em suas turnês.

OUÇA A ENTREVISTA NA ÍNTEGRA 



CBC Radio - O que você sente quando está ao lado do Airlander?

Bruce Dickinson: Bem, na verdade é de cair o queixo. Eu nunca vou deixar de me surpreender com isso. Quero dizer, ele está em um enorme hangar que foi construído para abrigar uma aeronave cerca de três vezes o seu tamanho, que era um dos dirigíveis gigantes dos anos 30. É quase mais imponente por causa disso, porque você tem algum tipo de escala por trás dele, por isso é muito, muito impressionante.

CBC Radio - Você pode descrever para nós com o que ele parece? Parece ter três cascos sobre ele...

Bruce Dickinson: Sim, na realidade, é o próprio veículo com os seus motores e tudo, mas sem carga e sem combustível basicamente não pesa nada. E isso é porque ele é inflado com hélio. Então, essa é uma das razões dele ser tão eficiente. O que o torna viável, administrável e possível de voar com dois pilotos, além de ser independentemente manobrável no chão, é assim que você coloca as coisas em cima dele, deixando mais pesado que o ar. Assim, podemos decolar verticalmente, porque temos quatro motores - um pouco como o "Harrier Jump Jet" - e, de fato, podemos levar uma carga pendurada em baixo como um helicóptero e podemos baixar as coisas e fazer tudo que grandes helicópteros podem fazer, mas podemos levar grandes cargas com ele, até 35 toneladas. Quer dizer, isso é uma locomotiva.

CBC Radio - Quando você fala sobre isso, soa como um fã.  

Bruce Dickinson: É claro que eu sou um fã. É por isso que eu investi nele. É uma peça do jogo da mudança de tecnologia na aviação. Ele não vai substituir o avião, ele não vai substituir o helicóptero, mas é um híbrido que se encaixa bem entre em um nicho muito legal, onde ele pode fazer coisas que nenhuma destas duas formas de transporte aéreo pode fazer. E pode fazê-lo de forma muito eficiente e de uma forma ecologicamente amigável e verde.

CBC Radio - Você colocou um monte do seu próprio dinheiro nisso. Conte-nos sobre a conversa que teve com sua esposa quando disse a ela que queria investir em um dirigível. 

Bruce Dickinson: (Risos.) Bem, eu disse: olha, você sabe que nós temos alguns dólares parados na conta bancária. Quanto você acha que podemos nos dar ao luxo de queimar, se eu levar lá fora agora e queimar na rua? (Risos). Chegamos a um número. E eu disse, bem, estou pensando em investir neste projeto. E eu expliquei pra ela, e ela disse, "Isso é incrível!" Ela disse: "Isso é algo visionário". E se você investe em algo que tem uma visão, é parecido com Elon Musk e o carro elétrico. Você sabe, com o Tesla?

CBC Radio - Sim.

Bruce Dickinson: Mas, anos atrás, as pessoas iam dizer "Você deve estar louco. Ninguém vai comprar um daqueles".

CBC Radio - Todo mundo pode dirigir um carro elétrico um dia, mas nem todo mundo vai ter um Airlander.

Bruce Dickinson: Não, claro que não. Refiro-me ao mercado estimado para estes veículos - que na verdade, não fomos nós que estimamos, foi um dos principais fabricantes do mundo no setor aeroespacial. Eu não vou dizer qual, mas eles estimaram que o mercado seja algo entre 800 mil veículos, o que é bastante salutável.

CBC Radio - Então, se eu quiser comprar um, se eu precisar de um, o que eu preciso fazer? 

Bruce Dickinson: Temos uma questão imediata. Você está familiarizado com as estradas de gelo, caminhoneiros de estrada de gelo e todas essas coisas?

CBC Radio - Sim, claro. 

Bruce Dickinson: Não será mais preciso. Você não precisará de uma estrada, não precisará de nada. Você poderá reabastecer as comunidades nas áreas remotas do Canadá, onde há petróleo, derivados e todo o resto? E, por falar nisso, você quer colocar os dutos lá também? E você deseja entregar a coisa toda e depois retirar o lixo? Um desses veículos fará isso por você. Não precisa de uma estrada, não precisa de uma pista, não precisa de nenhuma outra coisa além de uma área plana de neve.

CBC Radio - Parece que você já pensou em vendê-lo para um monte de canadenses. 

Bruce Dickinson: Um monte de canadenses já pensou em comprá-lo. Se você conversar com as pessoas que fazem a logística, eles o fariam em um piscar de olhos. Quero dizer, por exemplo, as pessoas se preocupam com as distâncias dos alimentos: frutas e legumes. As economias de muitos países africanos dependem da exportação dos seus frutos e vegetais para a Europa. Algo como 80% das frutas que são colocadas em navios apodrecem e são perdidas no destino final. Se eles as colocam nos velhos aviões cargueiros, não serão ecologicamente corretas e bem mais caras para começar. Mas com um Airlander, ok, nós não iremos tão rápido quanto um avião, mas nós voaremos durante 26 horas sem parar. O que equivale a mesma coisa. E o ponto é que chegariam às seis da manhã em um aeroporto internacional, você então teria que colocá-las em um caminhão para conduzir até a unidade de transformação, e Deus me livre você teria que buscá-las durante a estação chuvosa na África em uma fazenda longe de um aeroporto. Com o Airlander na fazenda, você carrega o material, decola e pousa onde você quiser.

CBC Radio - As pessoas, infelizmente, quando pensam em dirigíveis lembram do desastre do Hindenburg que aconteceu em 1937.

Bruce Dickinson: Sim, eles pensam.

CBC Radio - O que torna o Airlander seguro?

Bruce Dickinson: Bem, em primeiro lugar, o Hindenburg como as pessoas provavelmente lembram foi preenchido com gás hidrogênio altamente inflamável. O mesmo tipo que as pessoas agora estão confortavelmente colocando em seus carros. Então, na verdade, você está dirigindo um veículo cheio de gasolina que é infinitamente mais propenso a pegar fogo do que um Airlander. O nosso veículo está cheio de hélio que com a tecnologia híbrida é bem mais leve que o ar.

CBC Radio - Por isso, não vai explodir.

Bruce Dickinson: Não, não vai explodir. E as pessoas perguntam: "Oh meu Deus, o que acontece se ele furar?" Bem, posso assegurar-lhe que fizemos algumas experiências com isso - quando a empresa construiu dirigíveis de baixa altitude para os militares, alguém disse: "Bem, o que acontece se alguém chegar com uma metralhadora e enchê-lo de buracos?" Bem, eu posso te dizer que enquanto eles ainda estavam esperando no hangar, fizeram exatamente isso. Deixaram o dirigível cheio de buracos com metralhadoras e eles esperaram por ele desinflar. Bem, ele ainda estava lá flutuando 8 horas mais tarde.

CBC Radio - Você estava lá quando eles atiraram com metralhadoras? 
 
Bruce Dickinson: Não, eu não estava. Mas eu vi o vídeo. Foi algo como 15 anos atrás.

CBC Radio - Bruce, você já voou com o Iron Maiden ao redor do mundo em turnê, você é um piloto. Você acha que você poderá fazer isso em um dirigível algum dia?

Bruce Dickinson: Ah, eu já fiz minha lista de coisas que seriam legais. Quer dizer, há um longo caminho a percorrer antes de começarmos qualificar pilotos para este veículo, mas não deve ser mais complicado do que qualificar uma pessoa para pilotar um avião regular, turbo hélice ou um avião a jato. É exatamente o mesmo processo. O que eu gostaria de fazer, pessoalmente eu adoraria pilotar a aeronave em uma volta ao mundo, duas vezes, de pólo a pólo, do Pólo Norte ao Pólo Sul e todo o caminho de volta. Então, só de brincadeira, vamos fazer em volta do equador, para que pudéssemos quebrar todos os recordes de um dirigível que já existiram. Mas, mais importante que isso, poderíamos voar muito sobre a terra, sobre a Amazônia, sobre as partes mais extraordinárias do planeta. Onde podemos ir neste veículo? Podemos planar a cerca de cinco metros acima das copas das árvores com o mínimo de energia. É como em Jules Verne, 20.000 Léguas Submarinas, exceto que nosso mar passa a ser o ar. Na verdade, você pode pensar no Airlander como sendo um submarino voador. Se isso é demais para você, nós estamos flutuando, apenas flutuando em um meio diferente do mar.

CBC Radio - Isso seria um espetáculo incrível para ver. Seria um filme fantástico. Você sabe, as pessoas vão começar a pensar que você é um membro do Zeppelin... 

Bruce Dickinson: Bem, aí está. Você vê, nós temos o Eddie e tivemos o "Ed Force One", quando foi um 757, talvez este seja o Ed Zeppelin.

CBC Radio - Bruce Dickinson obrigado por falar conosco. 

Bruce Dickinson: Isso é ótimo. Muito obrigado.