Virgula: Entrevista com Bruce Dickinson

"Comecei tudo isso porque adoro tocar em público e contar histórias e criar imagens na cabeça das pessoas", explica Bruce Dickinson, vocalista do Iron Maiden. "É por isso que gosto de fazer música. Leio artigos de bandas que dizem que começaram a tocar para pegar mulher, mas para mim isso é besteira. Claro, quando apareceram as mulheres eu falei, opa, legal, mas foi consequência, não o fator principal."

São 36 anos de carreira e muitos discos e turnês nas costas. Mas certas coisas não mudam para o Iron Maiden. "O importante é o show, a música. O resto é totalmente periférico. Para o Iron o principal sempre foi a música. Se isso soa sério demais, bom, é porque é."

O Iron Maiden está de volta ao Brasil esta semana para a turnê do álbum The Final Frontier, o 15º de sua carreira. Serão seis shows, começando em São Paulo no sábado (26), no Estádio do Morumbi. Depois vem Rio de Janeiro (HSBC Arena, 27/3); Brasília (Ginásio Nilson Nelson, 30/3); Belém (Parque de Exposições, 1/4); Recife (Parque de Exposições, 3/4) e Curitiba (Expotrade, 5/4).

Dickinson respondeu perguntas via email.

O que mudou nesta parte da turnê em relação aos shows feitos no segundo semestre do ano passado?

Decidimos mudar as coisas um pouco. Obviamente, podemos tocar mais músicas do novo álbum, já que todo mundo sabe como ele é agora. Tocamos cinco músicas do novo disco e recolocamos algumas antigas favoritas de volta no repertório. Então mudamos três ou quatro novas "velhas músicas", além das do album novo, quer dizer, metade do show está diferente. E tem o novo Eddie, é claro.

Fale mais sobre esse novo Eddie [gigantesco boneco de morto-vivo que é o "mascote" do Iron Maiden].

Acho que o principal é que a nova versão é bem mais realista que a anterior. O cara que o projetou é, na verdade, filho de Ray Harryhausen, que fez o primeiro Furia dos Titãs e animações clássicas para Hollywood nos anos 50 e 60. Então, estamos continuando essa tradição, mas de uma maneira moderna.

E já que o novo Eddie é mais alienígena e malvado, queríamos fazê-lo mais móvel, mas também bem realista. Ele é muito bom com as mãos, toca uma bela guitarra. Também tem sua própria câmera, a Eddiecam, conectada ao telão. Então você pode estar com o Eddie no palco, assistindo ao show atavés dos olhos dele.

Falando em efeitos especiais, quando o heavy metal apareceu nos anos 70, ele era considerado assustador e ousado para muita gente. E hoje? Virou apenas entretenimento?

Suponho que o heavy metal, quando apareceu nos anos 70, podia parecer assustador e ousado, e o Kiss tinha um pouco de culpa nisso. Mas depois o Kiss parou completamente de ser assustador. Viraram personagens de HQ.

Depende do que você quer fazer na música. Se você tem um monte de garotos correndo por aí, ficando bêbados, com um monte de garotas, e, vamos ser sinceros, com o monte de drogas que tem por aí, a bagunça vai rolar com certeza. E você não precisa estar numa banda de heavy metal para isso ocorrer.

Como você definiria a fase atual do Iron Maiden, dentro da longa história do grupo?

Agora, conseguimos atingir muitos tipos de pessoas. Não importa sua religião ou país de origem, parece existir uma corrente de pessoas que simpatiza com nossa música. Você não precisa ser branco, caucasiano e homem para curitr a música do Iron. Não precisa ser da América do Norte ou da Europa para curtir o Iron. Vejo isso agora que tocamos pela Ásia e desconfio que será o mesmo quando formos para a China. Não sei o que as autoridades da China vão achar disso, mas ei, é bom se acostumar.

Fonte: Virgula