Dave Murray: "Eu fui sortudo e abeçoado"

Por Andrew Dansby
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Tendências da música vêm e vão, mas o metal continua como uma constante apesar de tudo. Muitas vezes sem apoio dos críticos ou das rádios, o gênero, nas últimas três décadas, tem cultivado uma terceira geração que segue com guitarras e vocais barulhentos, e uma iconografia duradoura que cria fãs permanentes. Entre os seus excelentes profissionais estão os membros do Iron Maiden da Inglaterra, que lançou seu primeiro disco a 30 anos atrás. Em meados dos anos 80 a banda (The Number of The Beast, Piece of Mind e Powerslave) representa alguns dos melhores álbuns já produzidos do Metal. Anos depois, o Maiden ainda está despejando grandes sons. Dave Murray fala sobre a história da banda, o álbum que está por vir, e tocar em um grande show de metal.

Andrew Dansby: As bandas de metal parecem ter uma vantagem, que favorece shows de grande escala. Ao contrário de, digamos, um show em um bar.

Dave Murray: Com certeza, especialmente hoje em dia. Antes você costumava ir com suas pilhas de Marshall e tocava, e aquilo era só pra exibição. Mas nós nunca fomos uma daquelas bandas que estão ali tocando introvertida. Nós gostamos de fazer algo a mais no palco, não podemos colaborar realmente, a música quer ser expressa dessa forma. Então nós sempre tentamos botar pra quebrar num grande show. E uma geração mais jovem sempre espera um grande show. Por sorte, nós sempre fomos um pouco teatrais, onde não é só rock, mas rock com todos os acessórios que vão junto com ele. Eu acho que é muito bom que pessoas toquem música em um pequeno bar, mas eu não acho que nós conseguiríamos adaptar nosso equipamento em um bar. Nós tendemos a ir para um café, só pra tomar café.

Andrew Dansby: Fazer um show com o Maiden aos seus 50 anos requer uma preparação diferente de quando voce estava com 20?

Dave Murray: Eu acho que você tem que se controlar um pouco mais. Mas nós tivemos 14 meses de folga, desde a última vez que estivemos no palco. Obviamente nós não temos mais 20 anos, então nós pegamos um pouco mais leve. Pela mesma razão nós ainda damos 1000% . Isso é próprio da nossa música. Os fãs estão pulando pra cima e pra baixo, é como um jogo de futebol. Então você não pode recuar. Ainda, há as introduções, melódicas e lentas passagens e trechos calmos . Há sempre altos e baixos por onde o Maiden toca. Se nós tivéssemos que trabalhar durante 2 horas seguidas, nós provavelmente entraríamos em colapso. As passagens quietas viraram muito úteis. Mas nós somos sortudos de estar aproveitando o que estamos fazendo, Então nós tentamos nos manter em forma. Nós bebemos muitos eletrólitos (Risos).

"Eu deixei a escola meio que cedo, 15 anos, e eu consegui um emprego e comprei uma guitarra. Eu meio que planejei isso, visto que eu não sabia que ia terminar desse jeito. Eu fui sortudo e abençoado" (Dave Murray)

Andrew Dansby: É seguro dizer que seus pais não ficaram excitados quando você disse que iria tocar em uma banda chamada Iron Maiden?

Dave Murray: Bom, na verdade eu já estava trabalhando todo dia, quando nós começamos a fazer shows a noite nos pubs e nos bares. Eventualmente, depois de 4 anos, nós assinamos um contrato de gravação com a EMI. Foi quando meu pai me disse, "O que você vai fazer para ter uma pensão quando estiver com 65 anos?" eu somente disse "Eu acho que vai ficar tudo bem". Eles provavelmente recuaram um pouco. Mas como na maioria das coisas em minha vida, eu acreditei em meus instintos, e você vai com o que você acredita, e acaba saindo tudo certo. Eu deixei a escola meio que cedo, 15 anos, e eu consegui um emprego e comprei uma guitarra. Eu meio que planejei isso, visto que eu não sabia que ia terminar desse jeito. Eu fui sortudo e abençoado.

Andrew Dansby: Então tem um novo álbum vindo aí, certo? Nós vamos ouvir algo dele?

Dave Murray: Sim, “The Final Frontier”, saindo em agosto. Nós vamos tocar uma música do álbum nessa turnê, “El Dorado”. A turnê começa em Dallas. Essa vai ser a primeira vez que nós a tocaremos ao vivo. Então nós sabemos que ela estará no YouTube para todo mundo ver depois dos shows. Nós estamos olhando para um tipo de módulo espacial, perto do conjunto de encontros em uma espécie de espaço de produção. Claro que, Eddie vai fazer sua aparição; ele sempre está ao nosso lado. Mas eu não quero dar muitos detalhes. Deverá ser uma turnê espetacular, é bom começar no Texas.

Andrew Dansby: Um músico me disse uma vez que ele estava tocando em um show décadas atrás e viu um cara arrancar a cabeça do outro fora com uma machadinha. Qual é a coisa mais estranha que você já viu do palco?

Dave Murray: Nossa, nada tão dramático como isso. Normalmente eu olho e vejo uma multidão de fãs. Eu acho que a coisa mais estranha foi quando tocamos na América do Sul, no Rock in Rio. Alguém jogou um crânio no palco com uma espécie de tatuagem nela.

Matéria Original: Metal's 30-year Maiden voyage
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Tradução: Millani IMB Orkut